quarta-feira, 25 de abril de 2012

JOGO REPRIMIDO

Cresce cerco a contraventores. Com ações para coibir atividade ilegal, apreensões de caça-níqueis na Capital subiram 83% nos três primeiros meses do ano - CARLOS ETCHICHURY, ZERO HORA 25/04/2012

A Polícia Civil está fechando o cerco aos contraventores na Capital. Nos três primeiros meses do ano, uma equipe composta por seis investigadores e um delegado, vinculados à Delegacia de Polícia Regional de Porto Alegre, apreendeu 2.563 máquinas em casas clandestinas de jogos – número 83% superior ao registrado em igual período do ano passado, que finalizou o trimestre com 1.399 equipamentos apreendidos.

O incremento das apreensões coincide com a criação de um grupo, coordenado pelo delegado Tiago Baldin, que tem a função exclusiva de reprimir a contravenção.

– Desde outubro, quando assumimos esta função, realizamos operações todos os dias – diz Baldin.

É consenso entre investigadores, delegados e promotores do Ministério Público que atuam na área criminal que a sensação de impunidade colabora para que jogo se revigore no país. Como se trata de um delito de menor potencial, ninguém vai preso operando uma casa de jogo.

Com a ação policial mais intensa, os contraventores têm cometido um outro crime para evitar prejuízos: cárcere privado.

Em duas recentes operações, uma realizada no final da noite de segunda-feira e outra na sexta-feira da semana passada, a polícia localizou 16 pessoas presas dentro das casas durante a abordagem.

– Os contraventores apagam as luzes, desligam o ar-condicionado e mantêm pessoas presas esperando que a polícia não entre nas casas clandestinas. Mas nós vamos continuar fazendo as operações e apreendendo máquinas – avisa o delegado.

No submundo da jogatina, é comum apostadores, muitos viciados, colaborarem com os donos de casas nas batidas policiais mantendo-se em silêncio e até deitando no chão.

– Como as pessoas não querem que as casas sejam fechadas, acabam se prestando a este tipo de coisa – detalha uma promotora com larga atuação na repressão o jogo no Estado.

Na última sexta-feira, porém, a polícia descobriu a presença de 12 pessoas – a maioria idosas, algumas doentes – detidas num ambiente escuro e insalubre durante três horas.

A nova tática dos criminosos também foi flagrada na segunda-feira, num estabelecimento clandestino da Avenida Azenha. Ao entrarem no local, os policiais depararam com quatro clientes em uma peça.