sábado, 17 de março de 2012

PAINTBALL DO CRIME: TREINAMENTO DOS "BALA NA CARA"


Sítio de traficante tinha campo de treinamento. Líder de gangue do bairro Bom Jesus mantinha estrutura em Taquara para preparação de criminosos - EDUARDO TORRES, ZERO HORA 17/03/2012

Ao mobilizarem uma operação para prender o principal líder da quadrilha dos Bala na Cara em liberdade – Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris, 27 anos – agentes do Departamento Estadual do Narcotráfico (Denarc) encontraram algo maior. O sítio na zona rural de Taquara escondia um campo de paintball para o treinamento de criminosos.

Com uma grade pouco chamativa e uma casa de campo pequena, de madeira, o sítio servia de fachada para um campo aos fundos. Conforme testemunhas, nos finais de semana, aquele cenário se transformava, com a chegada de carros esportivos e homens em atitude suspeita.

– O papel do Nego Cris na organização sempre foi de retaguarda e coordenação. Ultimamente, com muitos integrantes presos, ele adquiriu maior importância no momento de decidir os próximos passos do bando. O sítio era local de treinamento para criminosos – explicou o delegado Mario Souza, que comandou pelo menos um mês de buscas.

Foram apreendidos um rifle e três pistolas de pressão usados nas atividades. Segundo o levantamento do Denarc, o material servia para aulas de tiros e estratégias para proteção de bocas de fumo e conquista de novos pontos aos criminosos. O sítio virou uma base de guerra dos Bala, gangue que atua principalmente na vila Bom Jesus, na Capital.

Como o local era vigiado – havia câmeras escondidas no portão e até na estrada de chão batido que dá acesso ao sítio –, os policiais apelaram para estratégias de disfarce durante a investigação, como a vigilância de agentes de bicicleta e a cavalo.

Dentro da casa, o aparato de segurança se repetia. Havia pelo menos quatro monitores transmitindo as imagens captadas pelas câmeras de vigilância. Uma das câmeras estava acoplada a um helicóptero de brinquedo, que funcionava por controle remoto. Foram apreendidas uma pistola .380 e um revólver calibre 38, de oito polegadas, uma arma rara.

– Precisávamos encontrar o momento adequado para surpreendê-lo – afirmou o delegado.

A hora certa veio antes do amanhecer. Cris estava com a companheira e outra parente quando foi surpreendido. Ele foi preso sem oferecer resistência.


Dos bailes para a cadeia

A escalada de Cristian dos Santos Ferreira, o Nego Cris, entre os Bala na Cara chegava ao topo em 2008, quando prosperavam bailes funk organizados por ele. A suspeita é de que serviriam para lavagem de dinheiro do tráfico, segundo os investigadores. O ano de 2008 também ficou marcado por uma tragédia: o chão do local em que era realizado um baile organizado por ele, em uma casa noturna da Avenida Protásio Alves, desabou. Cerca de cem pessoas ficaram feridas, entre elas uma jovem que teve uma perna amputada.

A prisão de Nego Cris, ontem, transfere um problema para as autoridades penitenciárias do Estado.

Autuado em flagrante por porte ilegal de armas, ele foi encaminhado ao Presídio Central. Lá, encontrará um clima tenso, e será um dos líderes da facção que mais cresce nas cadeias gaúchas.

Há duas semanas são anunciadas rebeliões entre as galerias a mando dos Bala na Cara, que estariam em conflito com outra facção – os Abertos. O Presídio Central e a Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ), em Charqueadas, seriam os principais palcos dessa disputa por poder.

domingo, 4 de março de 2012

MÁFIA YAKUZA É DESAFIADA PELOS JAPONESES


PODER PARALELO. O JAPÃO QUE DESAFIA A MÁFIA - MARTIN FACKLER | KITAKYUSHU, JAPÃO - ZERO HORA 04/03/2012

Nascida no século 17 em centros urbanos como Osaka, a Yakuza infiltrou-se na sociedade japonesa, influenciando os negócios, a política e até o esporte. Agora, em pleno século 21, o Japão moderno e desenvolvido tenta extirpá-la das entranhas de seu cotidiano
Dois anos atrás, as autoridades de Kitakyushu, uma corajosa cidade japonesa, declararam guerra à Yakuza, a toda-poderosa organização criminosa do país. Desde então, houve ameaças de morte ao prefeito e a sua família, granadas foram lançadas contra casas de executivos de empresas que se negaram a fazer negócios com a máfia, e o presidente de uma construtora foi morto a tiros na frente da mulher.

A polícia diz que os ataques e outras táticas de intimidação são obra dos Kudokai, uma gangue com mais de 650 membros que os policiais consideram como uma das mais perigosas facções da Yakuza. A máfia mantém-se, há séculos, incrivelmente visível no Japão. Especialistas, porém, argumentam que o exemplo de Kitakyushu pode se transformar em um divisor de águas – a população está farta da criminalidade.

Qualquer aura romântica que possa ter envolvido esses criminosos no passado está se dissipando, segundo as autoridades. Os japoneses veem a Yakuza cada vez mais como meros mafiosos, como seus colegas de outros países, que ganham dinheiro com drogas, jogos de azar e extorsão, especialmente de seu alvo favorito: a rica indústria japonesa da construção civil.

– Hoje, as pessoas estão enxergando a realidade, de que a Yakuza é simplesmente uma força criminosa – declarou o prefeito de Kitakyushu, Kenji Kitahashi, que garante não ter se intimidado com as ameaças de morte.

Segundo ele, a violência colocou muitos moradores contra a Yakuza. A guerra entre a polícia e os mafiosos afetam os esforços da cidade em atrair novos investimentos.

O Japão tentou conter a Yakuza em quatro grandes momentos desde o início da década de 1990 e não conseguiu provocar mais do que um pequeno estrago em seu efetivo. Atualmente, a organização japonesa conta com cerca de 80 mil membros (frente aos 5 mil da máfia americana em seu apogeu, no início dos anos 1960). Como muitas gangues japonesas, os Kudokai mantêm até mesmo um quartel-general público, o Kudokai Hall – uma fortaleza de quatro andares cercada por altos muros, arame farpado e câmeras de segurança, localizada no centro de Kitakyushu, antiga cidade produtora de aço, com 1 milhão de habitantes.

Até recentemente, a Yakuza era tolerada porque ajudava o Japão a manter suas ruas seguras, impondo, no mundo do crime, as mesmas regras rígidas e hierarquia que são vistas no restante da sociedade japonesa. Mas, conforme o país se transformou em uma nação moderna de classe média, sua sociedade também passou a contar com tribunais e advogados para manter a ordem, e não criminosos medievais.

A crescente intolerância diante do submundo ficou evidente em escândalos recentes, nos quais um famoso comediante da TV e o sumô, esporte nacional, foram forçados a cortar relações com os gângsteres.

– A sociedade usou a Yakuza por tanto tempo, e é duro, agora, simplesmente se livrar dela – disse Chikashi Nakamura, 76 anos, presidente de uma associação de moradores de Kitakyushu.

A Agência Nacional de Polícia, que estabelece a política nacional contra o crime, explica que uma criminalização total é difícil devido a proteções constitucionais ao direito a reuniões públicas. Shigeyuki Tani, diretor de inteligência do crime organizado da agência, porém, defende uma nova lei que designaria gangues como a Kudokai como “especialmente perigosas”, tornando mais fácil para a polícia entrar em seus prédios e prender membros. Autoridades de Kitakyushu dizem precisar de poderes ainda mais fortes para combater o crime organizado. Dos 44 tiroteios ligados à máfia no Japão no ano passado, 18 ocorreram na região de Fukuoka, distrito da ilha mais ao sul do Japão, Kyushu, onde Kitakyushu está localizada.

A atual onda de violência começou há dois anos, quando os Kudokai irritaram moradores locais ao comprar uma mansão em frente a um jardim de infância para usar como escritório. Após vizinhos protestarem nos portões da casa, a residência do líder de uma associação de moradores foi alvejada. Autoridades locais reagiram com novas penalizações, buscando cortar as fontes de renda da gangue. Em resposta, os Kudokai lançaram ofensivas contra as empresas que interromperam os pagamentos – incluindo ataques com granadas contra casas de executivos da Kyushu Electric Power. Em 17 de janeiro, atiradores feriram o presidente de uma construtora quando ele saía de casa.

No quartel-general da gangue, o cartão de visita de Hiroshi Kimura, escrito em elaborados traços de caligrafia, identificava-o como o capitão de um dos subgrupos dos Kudokai. Educado, ele conduziu os repórteres a uma sala com poltronas macias e uma mesa baixa, parecida com uma típica sala de reuniões corporativa no Japão – exceto pelos retratos em preto e branco na parede, exibindo líderes falecidos da gangue. Conforme falava, homens corpulentos, vestidos com ternos pretos, ajoelhavam-se silenciosamente para servir xícaras de chá verde e doces tradicionais.

Kimura explicou que as novas restrições haviam prejudicado os Kudokai, recusando-se a entrar em detalhes sobre os acordos financeiros da gangue. Ele afirmou que o grupo não estava por trás dos recentes atos de violência, mas admitiu que poderiam ter sido obra de algum membro errante da gangue. Se isso for verdade, ele prometeu aplicar sua própria punição. Acrescentou que a polícia compartilha a culpa pela violência, por forçar uma separação entre os Kudokai e a comunidade.

– Se nos esmagarem, o crime organizado vai ficar mais difícil de ser identificado. E a violência vai aumentar, como ocorreu no México – explicou.

sábado, 3 de março de 2012

PRIMEIRO COMANDO DA CAPITAL - PCC

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Primeiro Comando da Capital (PCC) é uma organização criminosa paulistana, criada com o objetivo manifesto de "defender" os direitos de pessoas encarceradas no país. Surgiu no início da década de 1990 no Centro de Reabilitação Penitenciária de Taubaté, local que acolhia prisioneiros transferidos por serem considerados de alta periculosidade pelas autoridades. A organização também é identificada pelos números 15.3.3; a letra "P" era a 15ª letra do alfabeto português[1] e a letra "C" é a terceira.

Hoje a organização é comandada por presos e foragidos principalmente no estado de São Paulo. Vários ex-líderes estão presos (como o criminoso Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo Marcola, que atualmente cumpre sentença de 44 anos, principalmente por assalto a bancos, no presídio de segurança máxima de Presidente Venceslau II e ainda tem respeito e poder na facção). O PCC conta com vários integrantes, que financiam ações ilegais em São Paulo e em outros estados do país.

PCC foi fundado em 31 de agosto de 1993 por oito presidiários, no Anexo da Casa de Custódia de Taubaté (130 quilômetros da cidade de São Paulo), chamada de "Piranhão", até então a prisão mais segura do estado de São Paulo.Durante uma partida de futebol, quando alguns detentos brigaram e como forma de escapar da punição - pois várias pessoas haviam morrido - resolveram iniciar um pacto de confiança.

Era constituído por Misael Aparecido da Silva, vulgo "Misa", Wander Eduardo Ferreira, vulgo "Eduardo Gordo", António Carlos Roberto da Paixão, vulgo "Paixão", Isaías Moreira do Nascimento, vulgo "Isaías", Ademar dos Santos, vulgo "Dafé", António Carlos dos Santos, vulgo "Bicho Feio", César Augusto Roris da Silva, vulgo "Cesinha", e José Márcio Felício, vulgo "Geleião".

O PCC, que foi também chamado no início como Partido do Crime,a rumores tambem que tenha se chamado Partido Comunista Carcerario, afirmava que pretendia "combater a opressão dentro do sistema prisional paulista" e "vingar a morte dos cento e onze presos", em 2 de outubro de 1992, no "massacre do Carandiru", quando a Polícia Militar matou presidiários no pavilhão 9 da extinta Casa de Detenção de São Paulo. O grupo usava o símbolo chinês do equilíbrio yin-yang em preto e branco, considerando que era "uma maneira de equilibrar o bem e o mal com sabedoria".

Em fevereiro de 2001, Sombra tornou-se o líder mais expressivo da organização ao coordenar, por telefone celular, rebeliões simultâneas em 29 presídios paulistas, que se saldaram em dezesseis presos mortos. Idemir Carlos Ambrósio, o "Sombra", também chamado de "pai", foi espancado até a morte no Piranhão cinco meses depois por cinco membros da facção numa luta interna pelo comando geral do PCC.

O PCC começou então a ser liderado por "Geleião" e "Cesinha", responsáveis pela aliança do grupo com a facção criminosa Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro. "Geleião" e "Cesinha" passaram a coordenar atentados violentos contra prédios públicos, a partir do Complexo Penitenciário de Bangu, onde se encontravam detidos. Considerados "radicais" por uma outra corrente do PCC, mais "moderada", Geleião e Cesinha usavam atentados para intimidar as autoridades do sistema prisional e foram depostos da liderança em Novembro de 2002, quando o grupo foi assumido por Marcos Willians Herbas Camacho, o "Marcola". Além de depostos, foram jurados de morte sob a alegação de terem feito denúncias à polícia e criaram o Terceiro Comando da Capital (TCC). Cesinha foi assassinado em presídio de Avaré, São Paulo.

Sob a liderança de Marcola, também conhecido como "Playboy", atualmente detido por assalto a bancos, o PCC teria participado no assassinato, em Março de 2003, do juiz-corregedor António José Machado Dias, o "Machadinho",EX-JUIZ DA VARA DE EXECUÇÕES DE PRESIDENTE PRUDENTE, Que por aplicar a lei corretamente, não abrindo exceções, como regalia e visitas intimas ao presos que se encontravam no CRP de Presidente Bernades, cumprindo interdição por liderarem mortes dentro das prisões, rebeliões, sequestros e controlar o crime organizado, foi morto covardemente por membros do PCC, a mando de Marcola e Gege do Mangue. A facção tinha recentemente apresentado como uma das suas principais metas promover uma rebelião de forma a "desmoralizar" o governo e destruir o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), onde os detidos passam vinte e três horas confinados às celas, sem acesso a jornais, revistas, rádios ou televisão por apresentarem alto risco a sociedade.

Com o objetivo de conseguir dinheiro para financiar o grupo, os membros do PCC exigem que os "irmãos" (os sócios) paguem uma taxa mensal de cinquenta reais, se estiverem detidos, e de Mil reais, se estiverem em liberdade. O dinheiro é usado para comprar armas e drogas, além de financiar acções de resgate de presos ligados ao grupo.
Para se tornar membro do PCC, o criminoso precisa ser, apresentado por um outro que já faça parte da organização e ser "batizado" tendo como padrinho 3 "irmãos", um "irmão" só pode batizar outro membro 120 dias após ele ter sido batizado e o novo "irmão" tem de cumprir um estatuto de dezesseis itens, redigido pelos fundadores e atualizado pelo Marcos Camacho.

Diante do enfraquecimento do Comando Vermelho do Rio de Janeiro, que tem perdido vários pontos de venda de droga no Rio, o PCC aproveitou para ganhar campo comercialmente e chegar à atual posição de maior facção criminosa do país, com ramificações em presídios de vários estados do Brasil como Mato Grosso do Sul, Paraná, Bahia, Minas Gerais e outros mais.

Estatuto

O estatuto do Primeiro Comando da Capital foi divulgado em jornais brasileiros no ano de 2001. É uma lista de princípios da organização. O item 7 do documento prevê que os membros "estruturados" e livres devem contribuir com os demais membros presos sob a pena de "serem condenados à morte, sem perdão".

Em 2001, ocorreu em todo o estado de São Paulo a maior rebelião generalizada de presos da história do Brasil até então, através do uso de telefones celulares presos se organizaram e promoveram a rebelião. Vários presídios daquele estado, inclusive os do interior se rebelaram.

Anos depois, entre os dias 21 e 28 de março de 2006, diversas unidades prisionais do estado de São Paulo foram tomadas por revolta de seus internos, inaugurando uma série de atos de violência organizada no país.

Os centros de detenção provisória (CDP) de Mauá, Mogi das Cruzes, Franco da Rocha, Caiuá e Iperó, foram os primeiros a serem tomados pelas rebeliões (21 de março de 2006). Durante aquele período, outras unidades também foram palco de rebeliões (Cadeia Pública de Jundiaí - 22 de março de 2006, e os "CDP" de Diadema, Taubaté, Pinheiros e Osasco - 27 de março de 2006).

Como reivindicações apresentadas, reclamavam os amotinados da superpopulação carcerária, buscando transferência de presos com condenações definitivas para penitenciárias, bem como o aumento no número de visitantes e a modificação da cor dos seus uniformes. Estavam descontentes com a cor amarela e postulavam o retorno para a cor bege de seus uniformes. As rebeliões, algumas com reféns, foram contidas, mas os danos provocados nas unidades comprometeram gravemente a normal utilização.

Os ataques do Primeiro Comando da Capital continuaram acontecendo com certa constância, em meio a uma onda de violência e diversos outros atos (nem todos comprovadamente originados da organização) no ano de 2006, nas primeiras horas do dia 13 de agosto, aproximadamente a meia noite e meia, um vídeo enviado para a Rede Globo de televisão, gravado em um DVD, foi transmitido, no plantão da emissora, para todo o Brasil. Dois funcionários, o técnico Alexandre Coelho Calado e o repórter Guilherme Portanova, haviam sido sequestrados na manhã do dia anterior. Alexandre foi solto, encarregado de entregar o DVD para a Rede Globo. Colocada sob chantagem, a emissora transmitiu o vídeo, com teor de manifesto, após se aconselhar com especialistas e representantes de órgãos internacionais. O repórter Guilherme Portanova foi solto 40 horas após a divulgação do vídeo, à 0h30 do dia 14 de agosto, numa rua do bairro do Morumbi.

A mensagem, lido pelo integrante do PCC, fazia críticas ao sistema penitenciário, pedindo revisão de penas, melhoria nas condições carcerárias, e posicionando-se contra o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Alguns trechos foram plagiados de um parecer do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária de 14 de abril de 2003.

MILÍCIAS DO RIO DE JANEIRO

ENTREVISTA / tenente-coronel Carlos Magno - 'A imprensa definiu milícias como grupos que dominam áreas pobres' - http://comunidadesegura.com.br.

Carlos Magno Ribeiro Cabral é tenente-coronel da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, ocupa o cargo de assessor chefe da Assessoria de Planejamento, Orçamento e Modernização da PMERJ. É Pós-graduado em Gestão de Segurança Pública pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a monografia “O Fenômeno das Milícias na cidade do Rio de Janeiro”, apresentada em 2007. Em entrevista ao boletim Busca Avançada, Carlos Magno explica a origem do termo milícia.

Como o termo milícia aparece no vocabulário carioca?

Bem, o termo milícia é uma tradição militar portuguesa de tratar as tropas de segunda linha, isso lá no tempo do Império. O Exército regular era considerado a tropa de primeira linha. Tudo aquilo que fosse reserva auxiliar do Exército era milícia. Historicamente, milícia é o termo utilizado para designar a Polícia Militar já que a corporação durante muito tempo foi reserva do Exército.

Hoje, genericamente, ele é definido para identificar grupos paramilitares, que podem ser compostos por civis mantidos pelo Estado ou organizados em caráter privado. Mas ela apareceu no cenário carioca pela agenda pública que a mídia colocou nas primeiras páginas dos jornais.

No entanto não há uma tipificação, não há nada que diga o que é milícia. Porque a segurança privada em uma rua do bairro Peixoto em Copacabana é segurança privada e uma segurança privada em uma rua, vamos dizer em Inhaúma, é chamada de milícia? Por que a imprensa define como milícia. A imprensa definiu como sendo milícias aqueles grupos que dominam as áreas mais pobres. Na zona sul é segurança privada, na zona norte, oeste, Baixada Fluminense é milícia.

A diferença pode ser explicada porque em uma área mais pobre esse grupo também define a ordem social daquele local?

Não podemos esquecer que esse aspecto da ordem social também tem um peso importante. Mas aí já em relação ao modo operante, a forma de trabalhar, e não ao tratamento do vocábulo. O tratamento do vocábulo é que a gente entende como sendo errado. Todas as pesquisas que a gente fez, nós entendemos que o tratamento do vocábulo foi equivocado. Poderiam ser tratados como quadrilha, quadrilheiros, guerrilheiros urbanos.

Historicamente, como as milícias se constituem e se expandem pelo Rio de Janeiro? Quais são as diferenças e semelhanças entre os diferentes grupos de milícias?

No Rio de Janeiro esses grupos eram chamados inicialmente de “mineiras”. A polícia mineira nasceu na comunidade de Rio das Pedras que, em 1960, era basicamente formada por migrantes nordestinos que vinham para o Rio de Janeiro para trabalhar na construção civil.

No final dos anos 70, início de 80 começou o tráfico de drogas a crescer no Rio de Janeiro. A comunidade do Rio das Pedras se juntou, liderada por um nordestino, e formou um grupo que impedia que os filhos dos trabalhadores se envolvessem com a criminalidade. E as ações eram corretivas, de punição familiar. Aqueles que realmente entravam para a marginalidade começaram a ser executados. Mas nada que chamasse a atenção do poder público.

O pagamento dessa polícia mineira era insignificante ou não existia. Era simplesmente para garantir a segurança de um comerciante ou outro. E aquela comunidade começou a ter uma vida própria, impedindo que o tráfico lá se instalasse. Não havia nenhum registro de qualquer policial que tivesse participado da formação dessa mineira de Rio das Pedras. Ela era basicamente formada por membros da comunidade, integrantes da própria comunidade que tinham seus empregos e simplesmente desenvolviam uma atividade de garantir a ordem, liderando associação de moradores e tal.

O tráfico já estava em expansão em outros lugares, como a Rocinha, a Mangueira, a Providência, e lá não tinha problema. A taxa de homicídios era baixa, o tráfico não existia, roubos zero. O poder público não se incomodava nem com as ações criminosas nem com melhoria da qualidade de vida daquelas pessoas. Que continuavam favelados. Naquele momento poderíamos ter criado ali um bairro de excelência, uma ilha de segurança, que poderia servir de modelo para toda a cidade.

E como essas práticas evoluíram para as de hoje?

Com o crescimento da comunidade começaram as cobranças, inicialmente dos comerciantes. Na saída do presidente Fernando Collor, tivemos um programa de demissão voluntária que colocou no mercado um grupo com poder aquisitivo relativamente bom. Muita gente entrou para o mercado do transporte alternativo, que não tinha a menor regulamentação. Nas comunidades onde o tráfico mandava, eles prestavam contas para os traficantes e nos espaços públicos prestavam contas a policiais e a agentes da prefeitura, agentes de trânsito, dando conta aí de diversos casos de corrupção inclusive.

Em Rio das Pedras, eles prestavam contas a esse grupo da polícia mineira que acabou percebendo que era muito rentável. Começaram a ser donos, a cobrar, a administrar a cooperativa. Foi o primeiro toque empresarial daquele grupo. Depois vieram os camelôs, o comércio informal, a distribuição de gás, a distribuição de água.

E como se dá a entrada de integrantes das forças de segurança nesses grupos?

Em 2005, um grupo de policiais decidiu expulsar os traficantes da favela Kelson’s, porque haviam assassinado um policial militar. Este grupo entrou assumindo outros negócios como transporte alternativo, água, gás, “gatonet”, e implantaram uma nova ordem social com a participação de policiais civis e militares, bombeiros, agentes penitenciários. Hoje, todos os agentes da segurança pública estão envolvidos com este fenômeno.

Como se pode entender a distribuição espacial irregular das milícias no Rio de Janeiro?

O que a gente percebe naturalmente é que esta distribuição se dá por conta de onde moram os policiais, bombeiros, militares de baixa graduação. A maioria dos formadores desses grupos mora na zona Oeste, na Baixada, na zona Norte, e não na zona Sul. Não há como eles montarem uma estrutura permanente em uma comunidade dominada pelo tráfico sem ser morador das proximidades. Porque no caso de uma ação dos próprios marginais eles iriam precisar mobilizar um grupo muito grande para impedir a reação ou para rechaçar a ação desses meliantes. Por isso a gente entende que a proliferação na zona Oeste, na Baixada é dada pela distribuição do pessoal propriamente.

E o que faz com que os grupos envolvidos no tráfico de drogas em favelas se desterritorializem frente à ação das milícias e não frente à ação do Estado?

O Estado entra nessas comunidades, desmobiliza e sai da comunidade. O Estado deveria entrar com a polícia, permanecer e dar outras oportunidades, abrir ruas, construir novas escolas e atuar diretamente na cultura daquela comunidade. A cultura da comunidade é importante, a cultura de que o poder público está ali para servi-lo e não simplesmente para reprimi-lo. É importante que a cultura seja modificada, tanto dos agentes públicos, quanto daquelas comunidades porque eles são desmobilizados, mas os milicianos permanecem naquelas comunidades, permanecem garantindo, ocupando seu território.

A milícia pode ser caracterizada como organização paramilitar?Qual é a relação que ela mantém com o Estado?

Não temos comprovação de que ela tenha uma estrutura paramilitar, ela pode se aproximar de uma estrutura paramilitar em algumas ações e em outras ela se aproxima diretamente do crime.

Quanto à relação que ela mantém com o Estado, eu costumo falar sempre uma parábola do gatinho e do leão. “O Estado foi na feira e comprou um gatinho. Quando se deu conta, aquele gatinho felpudo tinha crescido e virado um leão e hoje ele quer se alimentar do seu próprio dono, porque a fome dele é muito grande.”

O Estado não estava preparado para a ação das milícias, não esperava que o monstro, o leão fosse crescer tanto. Hoje existe uma relação perniciosa da milícia com o Estado, porque ela desafia o poder público em alguns momentos e usando a máquina estatal para se manter. Estudos mostram que todos os outros grupos que tinham atuações parecidas com as das milícias, se infiltraram dentro do poder público em proporções incalculáveis. Nós temos aí exemplos na Colômbia, da máfia italiana. Então a gente tem um histórico aí de grupos semelhantes que o Estado tem que combater, tem que investigar, se forem policiais tem que expulsá-los, prendê-los. O uso da força tem que ser exclusividade do Estado.

Se o Estado moderno tem o monopólio do uso legitimo da força física, como as milícias podem ter a expressão que têm hoje no Rio de Janeiro?

Eu acredito realmente que foi por conta desse despreparo do Estado para esses grupos. Nosso prefeito (na época da entrevista, o prefeito do Rio era César Maia) inclusive denominou esses grupos como autodefesas comunitárias. Ele também naquele momento não tinha idéia do tamanho do leão. Houve um determinado momento em que se falava do mal menor, mas não se tinha ainda enxergado que era um mal muito maior.

Você começava a perder a referência de quem era o criminoso. O criminoso passa a ser aquele que nos momentos em que ele deveria estar no lazer, cuidando da família, está exercendo o poder da força em benefício próprio, financeiro. E no momento em que ele tem que servir a sociedade, ele usa a máquina pública também com o mesmo objetivo, para fortalecer os seus domínios.

Segurança pública é uma atividade muito rentável. Então quando você faz da segurança pública, a segurança privada, a possibilidade de enriquecer passa a ser grande. Porque você vai usar a máquina estatal, que tem o monopólio da força, em benefício próprio, em benefício do particular. Então é uma perda total da referência de quem tem o poder.

Milícia e tráfico são compreendidos como grupos excludentes. Como o senhor vê essa questão?

Por que os dois hoje se apresentam dessa forma, onde há um não há o outro? A proposta de convencimento das milícias, da sua aceitação social, é de que vão expulsar o tráfico de drogas e que a violência vai acabar. Só que esses agentes do Estado que compõem as milícias estão pensando no lucro. Eles não estão lá como agentes do Estado que querem simplesmente devolver o espaço público para o povo. Eles estão ali pensando no retorno financeiro. Eles expulsam os traficantes, que vão traficar drogas em outro local, cometer outros crimes.

Mas como esses grupos vão manter a liquidez dos seus negócios? Provavelmente se envolver no tráfico de drogas. Então eu vejo como hoje esse afastamento vai se encontrar em algum ponto da história. Em algum ponto da história eles vão se encontrar e vão caminhar juntos, até porque a história diz isso. As milícias afegãs plantam papoula para a produção do ópio e fazem o tráfico de ópio. As guerrilhas colombianas hoje dominam o tráfico de drogas na Colômbia. As máfias italianas e americanas dominam o tráfico de drogas, a máfia chinesa domina o tráfico de drogas e o contrabando na China. É uma tendência histórica.

É um cenário assustador... Existe alguma relação entre os traficantes e os grupos de milicianos?

A gente ainda não tem, pelo menos até onde a gente conseguiu estudar, informação segura que nos garanta afirmar isso. Temos informações um pouco desencontradas de que algumas pessoas que eram ligadas ao tráfico migraram para a milícia.

Um aspecto importante que a gente não pode deixar de comentar sobre a milícia, é o aspecto político. A gente percebeu durante o nosso estudo que o poder Legislativo teve uma mudança no seu corpo muito significativa. Os candidatos que foram eleitos de 2005 para cá tiveram votações expressivas em determinados pontos dominados por esses grupos. Isso é um aspecto importante, é uma coisa que se tem que pensar estrategicamente.

Já houve no passado um movimento de emancipação da Zona Oeste que incluía Jacarepaguá, Barra da Tijuca, Padre Miguel, Recreio, Realengo até Santa Cruz. Estrategicamente, se emancipar a Zona Oeste, estando ela dominada totalmente por milícias, naturalmente o prefeito poderia emergir de uma dessas milícias, teria autorização legal para constituir uma Guarda Municipal armada e legalizar a milícia.

Não há interesse no poder Executivo estadual e nos poderes executivos municipais de constituir guardas municipais armadas, mas há previsão legal. Mas será que com uma Zona Oeste emancipada, esse interesse não seria bem-vindo? São coisas para a gente pensar no futuro e estudar. É importante você levar para a agenda pública uma discussão para tipificar a milícia. Hoje, montar uma milícia não é tipificado.

E o que pode ser feito?

É importante que se abra um fórum de discussão no meio acadêmico sobre essa atividade que tem um impacto social muito forte, que pode ser muito mais pernicioso do que a própria ação de traficantes. Porque a ação de traficantes é identificada: ele está de um lado e o poder público está de outro. Agora, quando você trata com policiais, você precisa trabalhar internamente as instituições para que eles entendam, para que a instituição entenda que quem está lá do outro lado também está contra a ordem legal.

Quando a gente discute a participação de policiais militares na segurança privada, um fator que é importante para esse setor crescer é o fato de a pessoa que está na segurança privada informal ter um vínculo com o Estado. Na milícia também é essa mesma lógica?

Não. Na milícia a lógica é da coragem. Da disposição para o trabalho. Ganha mais quem tem mais coragem, não importa se é bombeiro, agente penitenciário, guarda municipal, cabo do Exército, PM em atividade ou inativo. Depende da disposição, da coragem que ele tem para enfrentar aquela atividade de milícia. Que é, basicamente, encarar os traficantes, expulsá-los e manter o território. E correr o risco de ser preso pela polícia desenvolvendo uma atividade de milícia, já que o combate começou a acontecer.

A milícia hoje é estruturada com o Legislativo e com a política, não?

Não, ela não tem estrutura com a política. A gente não pode dizer que o político seja o líder da milícia. A gente não tem como afirmar isso. Agora, o que a gente provou e mostrou é que os lugares dominados por milícias tiveram candidatos específicos com votação expressiva. A ligação não é tão estreita assim, pelo menos a gente não vê. Aí a gente vai precisar que o Dr. Cláudio Ferraz aprofunde a pesquisa, a investigação, o deputado Marcelo Freixo que está responsável pela CPI das Milícias, consigam chegar a alguma coisa *.

* O relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Milícias, aprovado por unanimidade na Alerj em dezembro de 2008, denunciou 225 pessoas por envolvimento com milícias, entre eles, vereadores de áreas dominadas por grupos de milícias.

MILÍCIA MINEIRA

Milícia, grupo paramilitar, parapolicial ou "polícia mineira"? - http://delegadopinho.blogspot.com, 11/11/2010

A imprensa criou, caiu na boca do povo e se tornou o termo popular para se designar a organização criminosa que, tal como as quadrilhas de traficantes de drogas ilícitas, domina determinada comunidade carente pela força e violência e impõe suas normas em busca de ganhos com a exploração de atividades essenciais à mesma: milícia!

Mas "milícia" seria mesmo o termo apropriado para designar essas quadrilhas? Claro que não, até porque milícia, em bom português, significa uma organização militar oficial de pequeno porte, ou seja, é uma instituição regular, hierarquizada militarmente. É como as nossas Polícias Militares estaduais. Cada Unidade da Federação possui a sua organização militar, digamos, de pequeno porte, ou milícia, se comparada ao Exército, por exemplo.

Certamente em outras regiões do Brasil, como no Sul e no Nordeste, onde se fala um português mais autêntico, a associação do termo "milícia" com grupos criminosos do Rio de Janeiro não foi e não deve estar sendo muito bem compreendida até agora, em razão da sua literalidade. Aqui mesmo no Rio de Janeiro, como para mim, foi difícil digerir essa "imposição" dos nossos diretores de redação, pois sempre utilizamos o termo "miliciano" em nossos atos de polícia judiciária para nos referir a um policial militar.

"Polícia mineira" seria então mais adequado? Quem não é do Rio de Janeiro mais uma vez ficaria se perguntando do por quê "mineira". O que tem a ver Minas Gerais com isso? Tudo. Esse termo surge nas décadas de 60 e 70 quando policiais militares de Minas Gerais que atuavam nos municípios fronteiriços com o Rio de Janeiro "invadiam" uma cidade fluminense atrás de um delinqüente, e a turma comentava que a "polícia mineira" tinha entrado na cidade "fazendo e acontecendo". Os policiais mineiros tinham fama de violentos entre os cidadãos fluminenses pois eles iam atrás de criminosos mesmo em território alheio, e o levavam à força de volta para Minas Gerais valendo-se da presença escassa da polícia judiciária e da própria Justiça em ambos os lados, sem contar com o próprio contexto dos anos em que se vivia: a ditadura militar.

Essa designação de "polícia mineira" acabou pegando força na baixada fluminense nessa mesma época com os conhecidos "grupos de extermínio", basicamente formados por policiais a mando de comerciantes e figuras políticas, ou por vezes folclóricas, como o "homem da capa preta", que tratavam de "sumir" com ladrões e assaltantes que tiravam o sossego de moradores e do comércio local. Inicialmente vinculado à força e à violência, o termo "polícia mineira" aos poucos foi perdendo a sua "identidade" com Minas Gerais para ganhar outro significado, como a polícia que minerava, garimpava, a polícia corrupta.

E "grupo paramilitar"? O termo paramilitar em nossos dicionários é designado para denominar a organização que se assemelha a uma instituição militar, ou seja, tem o formato militar, é hierarquizada e, às vezes, até mesmo com patentes, postos e graduações militares, mas não são forças regulares, oficiais ou reconhecidas pelo Estado. Geralmente são grupos rebeldes de um país, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que buscam a tomada do poder estatal pela luta armada. Portanto, grupos paramilitares não têm como objetivo o lucro com a prestação ou a exploração de serviços, lícitos ou ilícitos, em uma determinada região ou comunidade, mas sim a tomada do poder do próprio Estado.

Seriam então grupo "parapolicial"? Entendemos que sim.

Na mesma linha do termo paramilitar, que significa a instituição não reconhecida pelo Estado que se organiza e se assemelha a um exército, um grupo parapolicial seria uma "polícia" clandestina. E se formos olhar bem, esses grupos agem dessa forma porque quase todos os serviços que exploram são lícitos de certa forma. Inicialmente esses grupos vendem "segurança" para a comunidade pois seus líderes geralmente são agentes do Estado, policiais ou bombeiros militares, membros da forças armadas, etc. Uma vez dominada a região com elementos em pontos-chaves, geralmente nas suas entradas e saídas, aglomeração comercial e residencial, passando-se por policiais, cobrando taxas pela prestação desse serviço, fica fácil estender esse monopólio para outros serviços essenciais e lícitos, como a venda de gás, transporte alternativo, tv por assinatura, ou ilícitos, como agiotagem, e etc. Esses grupos podem a vir a controlar a respectiva associação de moradores e estabelecer um "braço" nos parlamentos municipal, estadual e federal, enfim, agindo sempre no vácuo do Estado ou sob a complacência de suas autoridades e agentes, para assegurar suas atividades ilícitas e sua expansão.

Portanto, na nossa opinião, nada mais adequado denominar-se como parapoliciais esses grupos de criminosos que como polícias inicialmente agem nas comunidades mais carentes, mas que tem como único objetivo o lucro através da prática de crimes até mesmo de difícil comprovação, pois não é fácil você convencer um comerciante a testemunhar e denunciar que é obrigado a pagar uma taxa de segurança, ou que o dono da distribuidora de gás paga uma espécie de pedágio para monopolizar a venda de botijões, ou que a cooperativa de transporte alternativo frauda a fiscalização com a existência de muito mais vans circulando do que as regulamentadas pelo poder público, ou que determinada vítima de homicídio devia dinheiro aos agiotas, e assim por diante.

Definitivamente, milicianos ou paramilitares eles não são mesmo. Prefiro oficializar o termo "melissa", como o povão mais humilde os chamam, fazendo confusão com aquela marca de sandália feminina.

COSA NOSTRA AMERICANA

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Cosa Nostra Americana ou La Cosa Nostra é como chamam os estadunidenses na atualiade à máfia italiana dos Estados Unidos da América. É uma das organizações criminosas mais conhecidas da atualidade, tendo já sido a mais poderosa em todo o país.

A Cosa Nostra Americana surgiu no início do século XX, através da implantação de vários grupos de mafiosos sicilianos nos Estados Unidos da América pelo então Don Vito Cascio Ferro, na época um membro de alto escalão na Sicília (mais tarde, antes de ser preso pelo regime fascista na década de 1920, tornou-se o "Capo di tutti Capi" da Cosa Nostra na Sicília).

As primeiras cidades a receberem sicilianos da Cosa Nostra foram Nova Iorque, Nova Orleans, Detroit, Cleveland e Tampa, entre outras.

Na década de 1930 já existiam mais de vinte famiglie (ou Famílias ou Crime Families, como são chamados os grupos organizados da Cosa Nostra). Tais organizações - devido à pouca quantidade de membros - inicialmente trabalharam com os gangsters irlandeses e judeus, que estavam "por cima" no submundo criminoso; até que os suplantaram e os subjugaram, tornando-se a maior organização criminosa do país, mas ainda sim secretas e restritas.

Em 1931, os mafiosos (já adaptados ao estilo de vida estadunidense) formaram a chamada Comissão (Comission), cujo objetivo era apaziguar os conflitos entre Famílias através da diplomacia, sem atrapalhar os negócios com guerras pelas ruas sem sentido, além de julgar traidores, estabelecer territórios, evitar que membros de uma Família fossem mortos pelos de outra sem autorização dos chefes, e autorizar a morte dos chefões caso eles não seguissem as decisões da Comissão.

Unione Siciliana e Mão Negra

A Cosa Nostra utilizou uma organização beneficente para se estabelecer, a Unione Siciliana, que auxiliava os imigrantes de origem siciliana que chegavam sem lugar para morar ou dinheiro para comida e com muitos filhos para alimentar. Tal organização logo caiu nas mãos dos mafiosos para a utilizarem como fachada para recrutar novos membros, fazerem agiotagem a juros exorbitantes aos recém-chegados e receberem doações da sociedade civil. A fachada era tão bem feita que logo a Cosa Nostra nos EUA foi sendo chamada entre os seus de Unione Siciliana, principalmente em Chicago, onde houve uma disputa entre os sicilianos (liderados por Joseph Aiello) e os napolitanos (comandados por Al Capone) pelo seu domínio.

O primeiro nome da Cosa Nostra nos EUA, porém, foi Mano Nera, ou Mão Negra, assim conhecida devido ao desenho de uma mão a tinta preta contida nas cartas de chantagens ou ameaças enviadas às suas vítimas, que davam dinheiro aos criminosos para se livrarem deles.

A Lei Seca

Um dos principais motivos que tornou a máfia italiana algo tão poderoso nos EUA nas primeiras décadas do século XX foi a chamada Lei Seca (Volstead Act), entre 1922 e 1933. A proibição de fabricação e venda de bebidas alcoólicas foi vista pelos gangsters (não só italianos) como uma grande oportunidade lucrativa, pois o povo estadunidense não havia ficado nada contente com a nova lei e comprariam bebidas alcoólicas de qualquer forma não importando a procedência. Então, surgiram milhares de pequenas fábricas clandestinas por todo o país, assim como bares.

A polícia nada fez para impedir, já que era impossível conter a enorme demanda, e aproveitava para receber subornos para a "taxa de permissão" de álcool. Também surgiram várias rotas clandestinas de importação de bebidas estrangeiras, principalmente do Canadá.

Tal época foi chamada de "Era de Ouro" para o crime organizado americano. E quando a Lei Seca foi revogada, os criminosos mais inteligentes, como Charles "Lucky" Luciano, legalizaram suas fábricas clandestinas, continuando num negócio ainda lucrativo como a bebida.

As personagens que marcaram época

Os principais chefões até 1930 foram Giuseppe "Joe the Boss" Masseria, que lutou pelo título de "Capo di tutti Capi" contra Salvatore Maranzano, ambos sediados em Nova Iorque.

Gaetano "Tom" Reina, Gaetano "Tommy Three-Fingers Brown" Lucchese, Gaetano "Tom" Gagliano, Giuseppe "Joe" Profaci, Giuseppe "Joe Bananas" Bonanno (americanizado Joseph e mais conhecido como Joe Bonanno), Vito Genovese (oriundo de Nápoles), Frank Costello (nascido Francesco Castiglia, calabrês), Vincenzo e Filippo Mangano (irmãos, americanizados Vincent e Phillip), Umberto Anastasio (mais conhecido como Albert "Mad Hatter" Anastasia), Carlo Gambino, Charles "Lucky" Luciano (nascido Salvatore Lucania), e Alphonse "Scarface Al" Capone, são alguns nomes que fizeram movimentar a Máfia nessa época.

Foi Charles "Lucky" Luciano quem organizou as bases da organização. Teve a idéia da formação da Comissão e também a abertura nas fileiras da Cosa Nostra não só para sicilianos mas também para qualquer italiano ou ítalo-americano (filho de italianos mas nascido nos EUA), já que seus principais auxiliares eram um napolitano (Vito Genovese) e um calabrês (Frank Costello), além de um poderoso judeu russo da época, Mayer Schwoljansky, mais conhecido como Meyer Lansky, e Benjamin "Bugsy" Siegel, mas que não foram aceitos por total oposição dos outros gangster italianos.

A estrutura da Máfia

A Cosa Nostra americana ficou organizada como a sua matriz siciliana em relação à sua estrutura interna e formal dos grupos.

A pirâmide hierárquica inicia-se com os "soldati" (soldados), homens protegidos pela Família e que devem total devoção aos seus superiores, nunca podendo contestar uma ordem dada; nas ruas, são amplamente respeitados pela comunidade e pelos criminosos (são quase "intocáveis"), e apenas podem ser mortos com uma ordem do próprio chefão.

Acima dos soldados estão seus chefes diretos, os "caporegimes", "capos" ou capitães, que chefiam um determinado número de soldados e um pequeno território sob influência da Família e eles têm como principal objetivo gerenciar negócios da organização ou criar novos negócios (nada impede que os soldados também gerenciem e formem novos negócios).

Acima dos capitães estão duas figuras auxiliares do chefão: o "sottocapo" (ou "subchefe") e o "consigliere" (ou "conselheiro"):

O subchefe, ou segundo-em-comando, é o assistente direito do chefão, tendo como principal função chefiar no lugar do chefe quando este estiver impossibilitado (por fuga, prisão ou enfermidade) além de chefiar um determinado número de "caporegimes" (no caso de grandes Famílias, como a Gambino, que tinha vários membros e capitães, havia até dois subchefes para supervisionarem um determinado número de capitães), o cargo também lhe permitia chefiar alguns soldados diretamente (podendo ser a sua antiga equipe ou apenas homens de sua interia confiança).

O "consigliere" era uma figura que, dependendo da Família, podia ser mais ou menos importante que o subchefe, ou de igual valor, cuja função era, obviamente, aconselhar o chefe nas decisões, resolver conflitos internos, dar notícias dos acontecimentos internos da organização para o chefe, e contabilizar todos os lucros e relatar ao chefe, o "consigliere" raramente tem soldados a seu dispor e nunca é mais de um.

Por fim, no topo está o chefão, o "capomandamento", o "capofamiglia" ou o "Don" da organização, considerado o todo-poderoso por todos os membros, o chefe só podia ser morto com autorização da Comissão.

O fundamento do poder da organização mafiosa vem da proteção a todos os seus membros ("mexeu um, mexeu com todos") e do repasse de lucros, desde o soldado, que repassa parte dos seus lucros de seus próprios negócios para o "capo", que por sua vez repassa uma porcentagem ao chefe. O chefe, então, fica com boa parte dos lucros e divide o restante para seu subchefe e para seu "consigliere". Isto mostra vantagem de ser um subchefe ou conselheiro, pois não necessitam "suar" para obter dinheiro.

Na modernidade, os membros chamam de "administração" a chefia da organização formada pelo Don, pelo Subchefe e pelo Consigliere, e às vezes por um "Capitão-Mor", isto é, um capitão que tem total confiança do chefe e executa suas ordens (não é um cargo oficial).

Em algumas Famílias, como a Bonanno de Nova York, o "consigliere" não é escolhido pelo Don mas pelos capitães para que ele os represente na "administração", fiscalizando as decisões do chefe, isto surgiu após uma crise interna dentro da Família Bonanno entre as décadas de 1950 e 1960 que deu origem a facções dissidentes.
Alguns termos dos mafiosos ítalo-americanos são uma mistura de tradição e modernidade:

"button men" (homens de botão) era um termo que designava um mafioso, pois, de origem siciliana, aqueles que usavam roupas formais com botões era algum pertencente à alta classe da sociedade;

"made man" (homem feito) é alguém que foi feito por si próprio, entrando na Cosa Nostra por mérito próprio, pois "fez seus ossos", este termo designa aquele que já matou em nome da organização, e geralmente é o primeiro requisito para "ser feito";
"abrir os livros" é quando o chefe da Família decide iniciar novos membros;
"iniciação" é o ritual de passagem, onde os mafiosos consideram que o bandido comum (apenas um civil criminoso) tornar-se um "homem honrado", "homem de respeito", alguém que está acima da sociedade e de suas leis;

"associado" é quem os sicilianos chamam de "picciotto" (pequenino), alguém ligado de alguma forma à Família, mas que não pertence a ela, podendo ou ser um "aprendiz" (no caso de ítalo-americanos) ou um "conectado", um não-italiano (muitas vezes judeus) protegido por alguém da organização, fazendo serviços para ele ou com ele;

"wiseguy" ("espertalhão"), é um dos mais recentes termos e refere-se a qualquer pessoa iniciada na Máfia.

Descoberta e atualidade

A Máfia italiana ficou conhecida pelo público em geral quando, na década de 1950, o governo estadunidense conseguiu o primeiro informante da história: Joseph Valachi, um "homem feito" da antiga Família Luciano (hoje Genovese), que revelou quem era quem no submundo mafioso ítalo-americano, desde os pequenos quadrilheiros até os poderosos Dons, sendo Vito Genovese, seu chefe, o principal alvo, este informador quebrou a Omertà (lei do silêncio, que veio junto com os mafiosos da Velha Terra) por estar jurado de morte por aqueles que antes obedecera.

Até meados da década de 1980, as principais Famílias da Máfia (chamada atualmente pelos estadunidenses de LCN - La Cosa Nostra) eram as cinco famílias de Nova Iorque e New Jersey: Bonanno; Profaci-Colombo; Mangano-Anastasia-Gambino; Luciano-Genovese; Reina-Gagliano-Lucchese. Bem como famílias unicas que controlam as cidades de Chicago, Detroit, New Orleans, Cleveland, Milwaukee, Buffalo e Philadelphia.

Atualmente, após várias prisões de mafiosos, ataques bem sucedidos do FBI (graças à Lei R.I.C.O.), muitos dos grupos da Máfia ou estão em queda ou extintos, tendo-se apenas a suspeita forte de que existem as cinco famílias de Nova Yorque e New Jersey e as que controlam as cidades de Chicago e Philadelphia.

COMANDO VERMELHO

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Comando Vermelho Rogério Lemgruber, mais conhecido como Comando Vermelho, ou pelas siglas CV e CVRL, é uma organização criminosa no Brasil. Foi criada em 1979 na prisão Cândido Mendes, na Ilha Grande, Angra dos Reis, Rio de Janeiro, como um conjunto de presos comuns e presos políticos membros da Falange Vermelha, que lutaram contra a ditadura militar. Durante toda a década de 90, o Comando Vermelho foi uma das organizações criminosas mais poderosas do Brasil.

O Comando Vermelho ainda controla partes da cidade e ainda é comum encontrar ruas pichadas com as letras "CV" em muitas favelas do Rio de Janeiro. Os principais grupos rivais do Comando Vermelho são o Terceiro Comando Puro (TCP) e (ADA) Amigos dos Amigos, além das milícias.

Entre os integrantes da facção que se tornaram notórios depois de suas prisões, estão o líder da facção Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP, Mineiro da Cidade Alta e Elias Maluco.

A facção descende da Falange Vermelha, criada por Rogério Lemgruber, que lhe dá nome, ainda na década de 1970.

Uma das primeiras medidas do Comando Vermelho ou CVRL foi a instituição do “caixa comum” da organização, alimentado pelos proventos arrecadados pelas atividades criminosas daqueles que estavam em liberdade, o dízimo[carece de fontes]. O dinheiro assim arrecadado serviria não só para financiar novas tentativas de fuga, mas igualmente para amenizar as duras condições de vida dos presos, reforçando a autoridade e respeito do Comando Vermelho no seio da massa carcerária.

No início dos anos 80, os primeiros presos foragidos da Ilha Grande começaram a pôr em prática todos os ensinamentos que haviam adquirido ao longo dos anos de convivência com os presos políticos[carece de fontes], organizando e praticando numerosos assaltos a instituições bancárias, algumas empresas e joalherias.

Ainda no início da década de 1990, a facção influenciaria a criação do Primeiro Comando da Capital em São Paulo.[2] Dela surge ainda uma espécie de dissidência, posteriormente reincorporada, o Comando Vermelho Jovem.

Na década de 2000 diversas de favelas controladas pela facção passaram a ser ocupadas por milícias e por Unidades de Polícia Pacificadora.

A organização foi retratada em 400 contra 1 - A história do Comando Vermelho, filme dirigido por Caco Souza.

YAKUZA

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Yakuza (em japonês: ヤクザ ou やくざ), também conhecidos como gokudō (極道) são os membros das tradicionais organizações de crime organizado existentes no Japão. A polícia japonesa os chama de bōryokudan (暴力団, literalmente "grupo de violência"), enquanto os próprio yakuza se chamam de "ninkyō dantai" (任侠団体 ou 仁侠団体, "organizações cavalheirescas").

A Yakuza muitas vezes participa de festivais locais, tais como Sanja Matsuri, onde muitas vezes carregam o santuário pelas ruas orgulhosamente exibindo suas tatuagens elaboradas.

Os Yakuza surgiram como associações criminosas e obedeciam a regras rígidas específicas. Com o tempo, passaram a influenciar diversos segmentos da sociedade e política japonesa. Foi no início do século XVII que nasceram, nos grandes centros urbanos de Osaka e Edo (atual Tóquio), sob a égide dos chefes de quadrilhas. Os Yakuza agrupam diversas categorias: primeiro foram os jogadores profissionais e os ambulantes. A esses uniram-se os samurais que, a partir de 1603, com o fim das guerras feudais e o reinado da "Paz Tokugawa" por 250 anos, viram-se sem mestres, ameaçados de banimento.

Na hierarquia social Yakuza, abaixo dos samurais, dos artesãos e dos comerciantes vêm os hinin (não-humanos) e os eta (maculados). Os "hinin" são carcereiros, carrascos e pessoas ligadas à espetáculos. Os "eta" estão vinculadas à profissão de abate de animais (no xintoísmo e no budismo consiste mácula todo trabalho ligado à morte e ao sangue).

Os Yakuza criaram um estatuto e um código baseado nas relações de fidelidade entre o padrinho (oyabun) e seu protegido (kobun): a cerimônia de consagração consiste na troca do copo de saquê e representa a entrada no clã e os laços de sangue.

Sociedade

A Yakuza era uma sociedade exclusivamente masculina. Eles acreditavam que as mulheres foram feitas para serem mães e para cuidarem de seus maridos, não devendo se meter nos negócios dos homens. Um outro motivo pelo qual as mulheres não eram aceitas na yakuza é que não se deve falar sobre o grupo a ninguém de fora, e eles acreditavam que as mulheres não seriam fortes o suficiente para se manterem caladas caso fossem interrogadas pela polícia ou por algum inimigo. Isso ocorria até a década de 1990, atualmente já existem mulheres que atuam na Yakuza e ocupam alto escalão no grupo, mas para entrarem no grupo, dependendo de qual função, elas devem passar por diversos testes. Nos dias atuais recrutam também jovens e estudantes, para infiltração na chamada "dominação da área". pois eles não usam tatuagens, mas são obrigadas a aprender artes marciais e a manejar armas, como espada, nunchaku, e armas de fogo, entre centenas de outras.

Quando o chefe morre e não há ninguém que possa substituí-lo imediatamente, é a esposa quem assume temporariamente o comando do grupo.

Família

Os clãs são organizados à semelhança de uma família, possuindo talvez a mais rígida das hierarquias do mundo dos crimes. O oyabun (pai) é o chefe, wakashu são seus filhos e kyodai são seus irmãos. Todos devem total obediência e lealdade ao oyabun, e em troca ele oferece proteção a todos de seu clã. Os membros não devem temer a morte pelo oyabun, e devem concordar com tudo o que ele diz.

Há dois tipos de yakuza: aqueles que pertencem a um clã e os autônomos. Por não pertencerem a clã algum, os autônomos têm dificuldades para agir, pois os grupos não permitem que eles atuem em seus territórios. Os clãs costumam usá-los como espiões ou pagá-los para realizar um serviço sujo no qual não queiram envolver o seu clã. Se o autônomo for ambicioso e capacitado, pode começar um grupo do zero, mas geralmente, quando não é assassinado, torna-se membro de algum clã já existente.

Liderança

O chefe dos filhos chama-se wakagashira, e dos irmãos shateigashira. O wakagashira é o segundo em autoridade, vindo logo após o oyabun e servindo também como um intermediário para supervisionar se as ordens estão sendo cumpridas. O shateigashira é o terceiro em autoridade.

Cada filho pode formar sua própria gangue e assim por diante, resultando em diversas subfamílias. Cada um obedece o líder de sua gangue, mas é sempre o oyabun que dá a palavra final.

Uma família típica tem de 20 a 200 membros, o que pode assegurar ao clã todo um número bem superior a 1000 homens. As familias em que possuem membros yakuza são geralmente de raiz com nome Shibatsu, Yakasa, Shiatsuta, Tashiro, Tonaco, Hirata, Shematse, Tokesho entre outras diversas com membros na cultura japonesa.
Quando um indivíduo entra na sociedade dos yakuza, muitos clãs não permitem que ele saia do seu grupo, duvidando de que possa vazar alguma informação.

MÁFIA RUSSA

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Máfia Russa (em russo: Русская Мафия, transliterado Russkaya Mafiya) é a denominação generalizada dada a quaisquer dos grupos criminosos que surgiram na União Soviética, principalmente na Rússia, após a desintegração.

Em meio a incerteza política que se passou na União Soviética em seus anos finais, o crime organizado se desenvolveu, mais formalmente no ano de 1988, quando o governo realizava políticas de aberturas em várias esferas, principalmente na econômica, com as privatizações de diversos setores estratégicos para a economia da nação.

A máfia russa foi conhecida pelas operações e transações obscuras, pelo seu forte poder bélico e por sua facilidade em driblar os sistemas de leis do país. Inclusive, os chefes da Máfia costumavam, em seu ápice, nos anos 1990, ter assombrosa influência na legislação do país, além de contestar as leis que fossem contra seus negócios.

A corrupção gerada pelas organizações era tanta que os criminosos até mesmo chegavam a empregar o próprio presidente russo, então Boris Ieltsin, para obter benefícios, em troca de favores e apoio ao cargo. As organizações criminosas russas tinham tanto poder no país neste tempo que não era raro encontrar pessoas comuns e de baixa renda que realizassem serviços para elas.

Com a chegada do presidente Vladimir Putin, em 2000, e sua consolidação no cargo, a máfia russa viveu uma crise sem precedentes, já que esse presidente, que contava com o cego apoio dos criminosos, sem nenhum tipo de advertência, tornou possíveis diversas estatizações de setores que estavam nas mãos da máfia russa, e ainda manteve, em tornou de si mesmo, uma força que reprimia até mesmo o poder judiciário, conseguindo assim conter a poderosa máfia russa, às vezes pelos meios que a própria utilizava.

Com a acusação e eliminação de diversos oligarcas e agentes corruptos da polícia, principalmente judeus, a máfia russa perdeu muitos de seus contatos internos, como Roman Abramovich, Boris Berezovsky, Alexander Litvinenko, Mikhail Khodorkovski, Mikhail Prokhorov, entre outros, assim transferindo seu centro de atividades para o estrangeiro, agindo principalmente na Grã-Bretanha.

Com as falências, compelidas ou não, de muitas de suas associações na Federação Russa, as principais lideranças da máfia russa migraram para outros grupos de atividades similares, enquanto as ditas associações migraram para atividades lícitas ou para a própria prisão. Devido a esse "fenômeno", o ano de 2007 é considerado, inclusive por antigos membros, como o ano da ruína da Máfia Russa.

Há, porém, muitos que crêem que, apesar da quebra da máfia judaica, a Rússia ainda é assombrada por organizações mafiosas, originárias, ironicamente, do combate aos antigos grupos, devido ao poder que se conquistou durante aquele período.

A MÁFIA RUSSA - Mundo da Máfia, 10jul2009

A Máfia Russa, conhecida como "Russkaya Mafiya", "Máfia Vermelha", "Krasnaya Mafiya' ou Bratva (Irmandade), é o nome dado pelo exterior aos grupos criminosos que surgiram na União Soviética após a desintegração.

Em meio a incerteza política que tem mergulhada na ex União Soviética, desde o fim da Guerra Fria em 1991, o crime organizado tem se desenvolvido. Relatórios da Inteligência Russa estimam que a Máfia Russa tenha 100.000 membros que participam de 8000 grupos criminosos, que controlam entre 70% a 80% dos negócios privados no país e 40% de todo a riqueza nacional.

Muitos dos chefes e os principais membros da máfia russa se pensa serem do Exército Soviético (extinto) e ex-funcionários KGB que perderam seus lugares na redução das forças, que começou em 1993, após o fim da Guerra Fria.

A Máfia russa parece ser organizado da mesma forma que a KGB. A máfia russa é conhecida pelas operações e transações limpas e, ao contrário de alguns vestígios da máfia italiana, é conhecida pelo seu segredo.

Atualmente, os "chefes" das famílias são os criminosos que estiveram na prisão nos tempos da União Soviética (mais propriamente nos tempos de Stalin, Brezhnev, etc. até os anos 80) Estes chefes são chamados de "Ladrões de Lei".

A MÁFIA ITALIANA

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Origens

Na Itália existem diversas máfias, sendo mais conhecida a "Cosa Nostra" (em português "nosso assunto" ou "nossa coisa"), de origem siciliana. A Camorra, napolitana, e a 'Ndrangheta,da Calábria são outras conhecidas associações mafiosas.

A Máfia surgiu no sul da Itália na época medieval. Seus membros eram lavradores arrendatários de terras pertencentes a poderosos senhores feudais. Mas eles pretendiam dividir essas terras e, para isso, começaram a depredar o gado e as plantações. Quem quisesse evitar esse vandalismo deveria fazer um acordo com a máfia.

Da Itália, a indústria da "proteção forçada" se espalhou para o mundo inteiro, em especial para os Estados Unidos. O filme The Godfather conta a história do crescimento da máfia nos EUA.

A palavra "mafia" foi tirada do adjetivo siciliano mafiusu, que tem suas raízes no árabe mahyas, que significa "alarde agressivo, jactância" ou marfud, que significa "rejeitado". Traduzido livremente, significa bravo. Referindo-se a um homem, mafiusu, no século XIX, significava alguém ambíguo, arrogante, mas destemido; empreendedor; orgulhoso, de acordo com o acadêmico Diego Gambetta.

De acordo com o etnógrafo siciliano Giuseppe Pitrè, a associação da palavra com a sociedade criminosa foi feita em 1863 com a peça I mafiusi di la Vicaria (O Belo Povo da Vicaria) de Giuseppe Rizzotto e Gaetano Mosca, que trata de gangues criminosas na prisão de Palermo. As palavras Máfia e mafiusi (plural de mafiusu) não são mencionadas na peça e foram, provavelmente, inseridas no título para despertar a atenção local.

A associação entre mafiusi e gangues criminosas foi feita através da associação que o título da peça fez com as gangues criminosas, que eram novidade nas sociedades siciliana e italiana àquela época. Consequentemente, a palavra "máfia" foi criada por uma fonte de ficção vagamente inspirada pela realidade e foi utilizada por forasteiros para descrevê-la. O uso do termo "máfia" foi posteriormente apropriado pelos relatórios do governo italiano a respeito do fenômeno. A palavra "mafia" apareceu oficialmente pela primeira vez em 1865 num relatório do prefeito de Palermo, Filippo Antonio Gualterio.

Leopoldo Franchetti, um deputado italiano que viajou à Sicília e que escreveu um dos primeiros relatórios oficiais sobre a máfia em 1876, descreveu a designação do termo "Mafia": "o termo máfia encontrou uma classe de criminosos violentos pronta e esperando um nome para defini-la e, dado ao caráter e importância especial na sociedade siciliana, eles tinham o direito a um nome diferente do utilizado para definir criminosos comuns em outros países."

Principais famílias da Itália

Barletta - Iniciada em 1960 por Vito Barletta, foi uma das grandes famílias que cresceram apenas na Itália, onde vendiam armas e narcóticos, sendo assim a família mais rica e poderosa da época. Havia poucos capangas, pois o próprio Don Vito assassinou o Don Turin, tendo acordo com a família Cordopatri. Em 1985 Vito vingou o assassinato de Luca Mezza, seu sócio da Mafia, e se "suicidou" após ter conseguido o domínio total.

Turin - A família Turin teve uma grande parte de seus homens mortos após pequena guerra contra os Barletta, teve seu reinado no comércio de drogas e armas no período de 1973 a 1975 teve seu fim decretado em 1992 devido a má fase a crise e a ameaças da família Barletta.

Cordopatri - A família Cordopatri foi quem espalhou a máfia para os EUA era conhecida pela alta venda de armas sempre favorecendo as fámilias maiores, em 1986 venderam um alto valor de armas a família Stracci, os Stracci não pagaram então os Cordopatri mandaram homens para matá-los mas não deu certo e acabaram mortos, e os poucos que viveram resolveram encerrar com o comércio.

Gerevini - Provenientes de Castelfranco D'óglio, na província de Cremona, eram importante peça da máfia italiana. Eram muito discretos no que faziam e exigiam sigilo total, talvez por isso não são tão citados. Tinham uma provável co-ligação com os "Cosa Nostra". Eram frios e conhecidos por não deixar rastros(prova disso, é que hoje não se encontram arquivos e fichas policiais sobre os mesmos).

Gallo - Proveniente de Fagnano Castello que é uma comuna italiana da região da Calábria, província de Cosenza, com cerca de 4.194 habitantes. Estende-se por uma área de 29 km², tendo uma densidade populacional de 145 hab/km². Faz fronteira com Acquappesa, Cetraro, Malvito, Mongrassano, San Marco Argentano, Santa Caterina Albanese. Nesta Regiao surgiu em meados de 1900, sendo criada pelo avo de Don Gallo (Fioravante) que era como irmao de Dom Domenico, pai de Antonio Cordopatri quando de seu assassinato Don Gallo ja vivendo fora da Italia, ordenou que os homens ainda remanecentes na organizacao na Italia se unissem a Teresa Cordopatri para desta forma levar a efeito a N'drangheta ou Vendetta contra Saverio Mammoliti mais conhecido como Don Saro, Don Gallo foi para um pais da America do Sul se afastando dos negocios e passou a fabricar e recuperar armas, para membros dos orgao de seguranca do local aonde vivia,sendo muito respeitado neste mister, tendo falecido nos anos 90 de maneira humilde deixando filhos e netos que nunca souberam de suas origens Mafiosas quando jovem !

Amorielle - A família Amorielle iniciada em 1902 por Alero Amorielle, conhecida pela sua vasta ficha criminal, foi acusada de fraudes a bancos, comércio de narcóticos e armas, teve seu lugar garantido entre grandes famílias como Cordopatri e Cosa Nostra. Os Amorielle eram conhecidos como a Máfia da Duplicidade. Grande parte dos integrantes da família foram mortos nos conflitos com outras famílias, e até os dias atuais não se sabe o paradeiro da família Amorielle.

Cosa Nostra - A maior família mafiosa italiana que era conhecida por dar fim nas outras famílias também pelo seu temperamento frio. Foram responsáveis pela exterminação de famílias consagradas como Cordopatri, Gallo, Fellicci, Mammoliti e outras. Em meados de 1980 Don Vito matou seu próprio irmão por causa de disputa do cargo. Don Vito acabou sendo morto em 1983 com 6 tiros por um capanga da Família Mammoliti do qual o nome não identificado. o Carlos Cosa Nostra foi o mais poderoso chefe da família Cosa Nostra responsável pela guerra entre as Fámilias Bellucci, Corleone, Turin, Brelloti e Cosa Nostra em 1955 do qual os Cosa Nostra venceram.

Outras famílias pequenas da máfia italiana

Mazzini [1830]
Fonezi [1899-1923]
Gallo [1900-?] (Italia)
Bellucci [1982-1985] (Barcelona)
Nicollodi [1986-1991]
Corleone [1992-1995] (Madri)
Fellicci [1930-1955] (Lisboa)
Bukovski [1956-1989] (Lisboa)
Ranzatti [1942-?] (?)
Reggi [1944-?] (?)
Luciano [1950-1993] (Moscou)
Andreotti [1980-1991] (Stracci)
Franchetti [1938-1967]
Stracci [1950-1955] (Varsóvia)
Sluzala [1925-1960] (Kiev)
Riverolla [1950-1980] (Istambul)
Caveccini [1980-1990] (Nova Iorque)
Castanhgeto [1950-?]

As famílias Camorra, Lucci, Lucci, Barriolli, Fitri, Berluccini, Gritti, Guzzetti, Siccili, Tulicci, Lopartti, Massola, Tattaglia, Fugalli, Monni, Broloni e Cervelatti, não se sabe origem e nem fim.