sábado, 12 de outubro de 2013

PCC PLANEJAVA MATAR GOVERNADOR


ZERO HORA 12 de outubro de 2013 | N° 17581
CRIME ORGANIZADO. PCC planejava matar governador Alckmin

Ministério Público de São Paulo denunciou 175 pessoas ligadas ao grupo



A maior organização criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC), com sede em São Paulo, planejava, entre outros crimes, a morte do governador paulista, Geraldo Alckmin. Em reportagem, o jornal Estado de S.Paulo conta que o Ministério Público Estadual (MPE) de São Paulo denunciou 175 pessoas e pediu à Justiça a internação de 32 presos no Regime Disciplinar Diferenciado – entre eles, toda a cúpula da facção, hoje detida na penitenciária paulista Presidente Venceslau.

A denúncia, diz o jornal, é fruto de três anos e meio de investigações do Grupo Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). As provas revelam os esquemas do PCC. Os promotores reuniram escutas, documentos e depoimentos.

As gravações mostram que, pelo menos desde 2011, a facção planeja matar o governador de São Paulo. O Estadão teve acesso a uma interceptação telefônica na qual um dos líderes conversa com dois outros integrantes da facção. De repente, surge a revelação. O líder diz que o tráfico mantido pela facção está passando por dificuldades. E afirma:

– Depois que esse governador (Alckmin) entrou aí o bagulho ficou doido mesmo. Você sabe de tudo o que aconteceu, cara, na época que “nois” decretou ele (governador).

Em escutas recentes, a ordem de matar o governador foi novamente mencionada por membros do PCC.

Sobre as ameças, Alckmin disse:

– Não vamos nos intimidar. É nosso dever zelar pelo interesse público.

O governador falou ainda que vai trabalhar para “fortalecer ainda mais o Regime Disciplinar Diferenciado”.

– Nós temos as mais fortes penitenciárias do país aqui no Estado. Os índices de criminalidade estão em queda, fruto exatamente desse trabalho, que vai ser fortalecido – complementou Alckmin.

Facção teria 21 membros em cadeias do Rio Grande do Sul

O levantamento descoberto pelo MP de São Paulo aponta que o PCC teria 21 membros no Rio Grande do Sul. A informação faz soar novamente um alerta dado há pelo menos oito anos, sobre a entrada do grupo criminoso mais organizado do país nas cadeias do Estado.

A polícia confirma que alguns batismos já teriam acontecido em prisões do Interior, mas garante que, até agora, o grupo não teria se firmado no Estado.


Regulador de mortes

O chefão do PCC, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, foi flagrado duas vezes ao telefone.

O homem condenado pelos ataques à polícia em 2006 e pelo assassinato em março de 2003 do juiz Antonio José Machado Dias, da Vara de Execuções Penais de Presidente Prudente, orgulha-se de ter abolido o crack das cadeias de São Paulo.

– Ninguém usa na prisão – diz Marcola para um dos subordinados.

O bandido também afirma que, hoje, “para matar alguém é a maior burocracia”, referindo-se às normas impostas pela facção. Por elas, quando um bandido tem alguma queixa contra um desafeto deve se dirigir a um tribunal do PCC. Neles, o faltoso pode ser desde repreendido até executado. Mas a sentença de morte tem de ser referendada pelo “comando”. E, indiretamente, atribui ao regulamento a queda no número de homicídios no Estado.

– Então quer dizer, os homicídios caíram não sei quantos por cento, e aí eu vejo o governador chegar lá e falar que foi ele – reclama Marcola.