Facções criminosas atuam em quase metade dos bairros de Porto Alegre
Grupos protagonizam uma 'guerra' que já fez 400 vítimas em 2016.
De 83 bairros da capital gaúcha, 38 estão sob domínio dessas facções.
Da RBS TV
Quase metade dos bairros de Porto Alegre é dominada por uma ou mais facções criminosas. O apontamento é baseado no levantamento feito pela editoria de segurança do Grupo RBS. A disputa pelo domínio de pontos de tráfico de drogas gera uma guerra na capital gaúcha que já causou a morte de 400 pessoas em 2016.
Quatro facções criminosas disputam o domínio dos pontos de venda de entorpecentes em 38 dos 83 bairros da cidade, em áreas onde vivem quase 900 mil pessoas. Esses grupos cometeram 75% dos homicídios ocorridos em Porto Alegre neste ano. Eles são os Manos, os Abertos, os Bala na Cara e os Antibala.
Isso impacta em toda a sociedade, não só onde existe tráfico de drogas"
Tenente-coronel Mário Ikeda
Os Manos e os Abertos foram as primeira facções criminosas formadas por detentos no Presídio Central de Porto Alegre, na década de 1990.
Já o Bala na Cara surgiu nas ruas da Lomba do Pinheiro, da Zona Leste. Quadrilhas rivais que estariam perdendo territórios para este grupo formaram a facção Antibala. De acordo com a Brigada Militar, esses dois são os mais violentos.
“Essa disputa é por regiões, por pontos de tráfico de drogas. As facções ficam disputando para aumentar os seus pontos e seus lucros. Isso impacta em toda a sociedade, não só onde existe tráfico de drogas”, afirma o comandante do policiamento da capital, tenente-coronel Mario Ikeda.
Na disputa pelos pontos de venda de drogas, bairros são invadidos por facções rivais, e residências e comércios são atingidos por disparos, quando não surgem vítimas que sequer têm relação com essa guerra, como foi o caso de um comerciante morto na noite de 20 de fevereiro, no bairro Bom Jesus.
Mais recentemente, um menino de 9 anos foi atingido por uma bala perdida na Zona Sul de Porto Alegre. O alvo era o tio dele, segundo a Brigada Militar, por conta de um acerto de contas relacionado com o tráfico de drogas.
Os bairros que concentram a maior parte dos homicídios são Rubem Berta, Santa Teresa, Lomba do Pinheiro e Bom Jesus, conforme a Brigada Militar.
O policiamento nestas regiões ganhou o reforço dos homens da Força Nacional de Segurança.
“A Brigada direciona o seu policiamento através da repressão qualificada pelos indicadores de criminalidade”, diz Ikeda sobre a estratégia de combate, para então completar que “nos últimos anos, temos apreendido armas mais potentes, e novas armas são importadas, que as facções estão buscando por causa dessa guerra entre elas”.
Guerra nas ruas e paz no presídio
No entanto, apesar da guerra nas ruas, dentro do Presídio Central de Porto Alegre as facções dividem o mesmo espaço fechando negócios e fazendo acordos. A maioria das decisões tomadas do lado de dentro dos muros do presídio tem influência direta na vida das pessoas nas ruas.
“Porque a regra que está estabelecida aqui (dentro do presídio), é que o problema da rua se resolve na rua”, diz o juiz da Vara de Execuções Criminais, Sidinei Brzuska, citando ainda casos de crianças mortas com tiros de fuzil, situações de esquartejamentos, decapitações, execuções de mulheres tiradas de casa de forma violenta, e os roubos violentos, que, na opinião do magistrado “está tudo muito interligado”.
Conforme a Vara de Execuções Criminais, os grupos criminosos controlam as galerias dentro do Presídio Central. Os Abertos ocupam dois prédios, os Manos estão nas galerias do bloco B, os Bala na Cara se dividem entre os prédios B e F, e os Antibala ocupam as galerias do prédio D.
“O Presídio Central é o pulmão do crime. Ali nossas facções estão enraizadas, estão estabelecidas (...) todas as pessoas que são presas hoje em Porto Alegre, primárias, que nunca botaram os pés na prisão, elas vão entrar dentro do Presídio Central, que tem galerias abertas, que são controladas por determinado grupo, e esse grupo é que vai acolher essa pessoa, e essa pessoa vai ter a sensação de pertencimento a esse grupo”, explica Brzuska, ao dizer ainda que tudo que é recebido dentro do sistema carcerário é pago com crimes nas ruas. “Por isso temos índices altíssimos de reincidência”, completa.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) disse que, de janeiro a agosto, mais de 200 operações foram feitas por agentes penitenciários. E, sempre que necessário, remaneja possíveis líderes de grupos criminosos para coibir contatos ou diálogos entre eles.
Tenente-coronel Mário Ikeda
Os Manos e os Abertos foram as primeira facções criminosas formadas por detentos no Presídio Central de Porto Alegre, na década de 1990.
Já o Bala na Cara surgiu nas ruas da Lomba do Pinheiro, da Zona Leste. Quadrilhas rivais que estariam perdendo territórios para este grupo formaram a facção Antibala. De acordo com a Brigada Militar, esses dois são os mais violentos.
“Essa disputa é por regiões, por pontos de tráfico de drogas. As facções ficam disputando para aumentar os seus pontos e seus lucros. Isso impacta em toda a sociedade, não só onde existe tráfico de drogas”, afirma o comandante do policiamento da capital, tenente-coronel Mario Ikeda.
Na disputa pelos pontos de venda de drogas, bairros são invadidos por facções rivais, e residências e comércios são atingidos por disparos, quando não surgem vítimas que sequer têm relação com essa guerra, como foi o caso de um comerciante morto na noite de 20 de fevereiro, no bairro Bom Jesus.
Mais recentemente, um menino de 9 anos foi atingido por uma bala perdida na Zona Sul de Porto Alegre. O alvo era o tio dele, segundo a Brigada Militar, por conta de um acerto de contas relacionado com o tráfico de drogas.
Os bairros que concentram a maior parte dos homicídios são Rubem Berta, Santa Teresa, Lomba do Pinheiro e Bom Jesus, conforme a Brigada Militar.
O policiamento nestas regiões ganhou o reforço dos homens da Força Nacional de Segurança.
“A Brigada direciona o seu policiamento através da repressão qualificada pelos indicadores de criminalidade”, diz Ikeda sobre a estratégia de combate, para então completar que “nos últimos anos, temos apreendido armas mais potentes, e novas armas são importadas, que as facções estão buscando por causa dessa guerra entre elas”.
Guerra nas ruas e paz no presídio
No entanto, apesar da guerra nas ruas, dentro do Presídio Central de Porto Alegre as facções dividem o mesmo espaço fechando negócios e fazendo acordos. A maioria das decisões tomadas do lado de dentro dos muros do presídio tem influência direta na vida das pessoas nas ruas.
“Porque a regra que está estabelecida aqui (dentro do presídio), é que o problema da rua se resolve na rua”, diz o juiz da Vara de Execuções Criminais, Sidinei Brzuska, citando ainda casos de crianças mortas com tiros de fuzil, situações de esquartejamentos, decapitações, execuções de mulheres tiradas de casa de forma violenta, e os roubos violentos, que, na opinião do magistrado “está tudo muito interligado”.
Conforme a Vara de Execuções Criminais, os grupos criminosos controlam as galerias dentro do Presídio Central. Os Abertos ocupam dois prédios, os Manos estão nas galerias do bloco B, os Bala na Cara se dividem entre os prédios B e F, e os Antibala ocupam as galerias do prédio D.
“O Presídio Central é o pulmão do crime. Ali nossas facções estão enraizadas, estão estabelecidas (...) todas as pessoas que são presas hoje em Porto Alegre, primárias, que nunca botaram os pés na prisão, elas vão entrar dentro do Presídio Central, que tem galerias abertas, que são controladas por determinado grupo, e esse grupo é que vai acolher essa pessoa, e essa pessoa vai ter a sensação de pertencimento a esse grupo”, explica Brzuska, ao dizer ainda que tudo que é recebido dentro do sistema carcerário é pago com crimes nas ruas. “Por isso temos índices altíssimos de reincidência”, completa.
A Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) disse que, de janeiro a agosto, mais de 200 operações foram feitas por agentes penitenciários. E, sempre que necessário, remaneja possíveis líderes de grupos criminosos para coibir contatos ou diálogos entre eles.