quinta-feira, 30 de maio de 2013

PRINCIPAIS FACÇÕES CRIMINOSAS DO BRASIL

CONTRUN - April 14, 2008


No Brasil, existem várias organizações criminosas a saber: PCC – Primeiro Comando da Capital, aliada ao CV – Comando Vermelho do Rio de Janeiro, aliada também a várias organizações criminosas de outros estados, como por exemplo o PCP – Primeiro Comando do Paraná, entre outros. Há também o Terceiro Comando – do Rio de Janeiro, que é oposição ao CV, consequentemente ao PCC e em São Paulo há também o Terceiro Comando da Capital – TCC, oposição ao PCC e consequentemente ao CV. São partidos do crime que de maneira rigorosa, monitoram o comportamento do seus membros que quando quebram a regra que reza os seus respectivos estatutos, são primeiramente suspensos e em muitos casos excluídos da irmandade. Os excluídos não desfrutam de nenhum privilégio como os membros em atividade normal, até que, no momento oportuno, pagam com a vida pelo deslize cometido. As regras de comportamento dos membros do Primeiro Comando da Capital, são rígidas e a perda do Estatuto é motivo de desonra para o ex-integrante, o excluído. As facções têm como finalidade a busca por lucro através de atividades como tráfico de drogas (inclusive internacional), roubo de cargas, roubo a bancos, e mantêm-se solidificada pois arrecadam mensalmente uma importância em dinheiro dos membros que se encontram privados de sua liberdade, nas unidades prisionais, cerca de R$ 60,00, e dos que se encontram em liberdade, cujo valor da contribuição é de R$ 500,00. Esse dinheiro é investido em drogas e armamento de guerra, bem como repassado para compra de medicamentos, alimentação, passagem para obtenção de visitas para os "irmãos" que se encontram em presídios afastado da Capital, bem como para os que estão em RDE ou castigo. Os integrantes alegam que buscam a paz, a justiça, a liberdade, a igualdade.


Comando Vermelho
Comando Vermelho é uma organização surgida, nos anos 80(1987), dentro do sistema prisional brasileiro – mais especificamente o presídio da Ilha Grande -, a partir da convivência entre presos políticos e crimonosos comuns, durante a Ditadura Civil-Militar Brasileira (1964-1985), a fim de melhorar a situação dos detentos – entre outras coisas, evitava violência sexual e financiava fugas. Houve uma organização que precedeu o CV, chamada Falange Vermelha.

Com o passar do tempo e a corrupção dos ideias iniciais (Paz, Justiça e Liberdade), o CV tornou-se uma organização criminosa que extrapolou os limites do presídio da Ilha Grande.

O CV dominou sozinho o comércio de substâncias ilícitas na região metropolitana do Rio de Janeiro até meados dos anos 90. A essa época, a organização fundada, entre outros, por Rogério Lemgrüber, dedicava-se exclusivamente a atividades criminosas.

Também na mesma época a partir de uma dissidência, surgiu o Terceiro Comando. Deu-se início um período de perdas para o CV, principalmente devido às guerras pelo controle de substâncias ilícitas.

Assim como atualmente, quando os principais líderes do CV ou foram mortos ou estão presos, a renovação das gerações de líderes fez com que a violência recrudecesse ano a ano.

Principais líderes: Fernandinho Beira-Mar, Isaías do Borel, Marcinho VP, My Thor, Elias Maluco

Principais redutos: Complexo do Alemão, Mangueira, Jacarezinho


O modus operandi do CV

A estrutura profissional do Comando Vermelho é o seu principal esteio de poder. Estima-se que controla cerca de 40% do comércio de drogas no Rio de Janeiro, e que em suas fileiras estejam presentes cerca de 5.000 marginais fortemente armados (chegando a usar até fuzis automáticos AR-15 – também usado pela polícia, fabricado pela norte-americana Colt – e o AK-47, produzido por licença da marca russa Kalashnikov). Tamanha artilharia – ambos os fuzis citados acima têm poder de fogo próximo de 600 tiros/minuto – faz-se necessária aos traficantes para que possam manter seu poder.

Crianças e jovens favelados, sem perspectivas de vida na cidade grande que tanto os discrimina e iludidas com promessas de renda fácil, muitas vezes acabam por engrossar as milícias do tráfico – bem como as alarmantes estatísticas de mortes por armas de fogo no Brasil (cerca de 80 óbitos são registrados todos os dias). Por vezes, os traficantes do CV exercem o que alguns chamam, ironicamente, de "política da boa vizinhança": entram sem aviso prévio em casas e barracos, com tal de "conhecer" melhor os habitantes da favela.

Em muitos casos, os traficantes são vistos pela população das favelas como a autoridade a ser seguida, visto que a presença do Estado naquele ambiente é mínima. A corrupção na Polícia carioca, por vezes escandalosa, também é apontada por especialistas como uma das razões do vertiginoso crescimento do tráfico, em especial a partir dos anos 80, quando cartéis colombianos passaram a usar o Brasil como rota alternativa de seus negócios.


Primeiro Comando da Capital


O Primeiro Comando da Capital, também conhecido como PCC, é uma facção criminosa surgida no início dos anos noventa no Centro de Reabilitação Penitenciária de Taubaté, para onde eram transferidos prisioneiros de alta periculosidade com histórico de distúrbios em outras penitenciárias. A organização cresceu e começou a mostrar força em diversas ações, como resgate de presos ou ataques a distritos policiais em todo Estado de São Paulo.


ESTATUTO DO PCC


1. Lealdade, respeito, e solidariedade acima de tudo ao Partido

2. A Luta pela liberdade, justiça e paz

3. A união da Luta contra as injustiças e a opressão dentro das prisões

4. A contribuição daqueles que estão em Liberdade com os irmãos dentro da prisão através de advogados, dinheiro, ajuda aos familiares e ação de resgate

5. O respeito e a solidariedade a todos os membros do Partido, para que não haja conflitos internos, porque aquele que causar conflito interno dentro do Partido, tentando dividir a irmandade será excluído e repudiado do Partido.

6. Jamais usar o Partido para resolver conflitos pessoais, contra pessoas de fora. Porque o ideal do Partido está acima de conflitos pessoais. Mas o Partido estará sempre Leal e solidário à todos os seus integrantes para que não venham a sofrerem nenhuma desigualdade ou injustiça em conflitos externos.

7. Aquele que estiver em Liberdade "bem estruturado" mas esquecer de contribuir com os irmãos que estão na cadeia, serão condenados à morte sem perdão

8. Os integrantes do Partido tem que dar bom exemplo à serem seguidos e por isso o Partido não admite que haja assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema.

9. O partido não admite mentiras, traição, inveja, cobiça, calúnia, egoísmo, interesse pessoal, mas sim: a verdade, a fidelidade, a hombridade, solidariedade e o interesse como ao Bem de todos, porque somos um por todos e todos por um.

10, Todo integrante tem que respeitar a ordem e a disciplina do Partido. Cada um vai receber de acôrdo com aquilo que fez por merecer. A opinião de Todos será ouvida e respeitada, mas a decisão final será dos fundadores do Partido.

11. O Primeiro Comando da Capital PCC fundado no ano de 1993, numa luta descomunal e incansável contra a opressão e as injustiças do Campo de concentração "anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, tem como tema absoluto a "Liberdade, a Justiça e Paz".

12. O partido não admite rivalidades internas, disputa do poder na Liderança do Comando, pois cada integrante do Comando sabe a função que lhe compete de acordo com sua capacidade para exercê-la.

13. Temos que permanecer unidos e organizados para evitarmos que ocorra novamente um massacre semelhante ou pior ao ocorrido na Casa de Detenção em 02 de outubro de 1992, onde 11 presos foram covardemente assassinados, massacre este que jamais será esquecido na consciência da sociedade brasileira. Porque nós do Comando vamos mudar a prática carcerária, desumana, cheia de injustiças, opressão, torturas, massacres nas prisões.

14. A prioridade do Comando no montante é pressionar o Governador do Estado à desativar aquele Campo de Concentração " anexo" à Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté, de onde surgiu a semente e as raízes do comando, no meio de tantas lutas inglórias e a tantos sofrimentos atrozes.

16. Partindo do Comando Central da Capital do KG do Estado, as diretrizes de ações organizadas simultâneas em todos os estabelecimentos penais do Estado, numa guerra sem trégua, sem fronteira, até a vitória final.

16. O importante de tudo é que ninguém nos deterá nesta luta porque a semente do Comando se espalhou por todos os Sistemas Penitenciários do estado e conseguimos nos estruturar também do lado de fora, com muitos sacrifícios e muitas perdas irreparáveis, mas nos consolidamos à nível estadual e à médio e longo prazo nos consolidaremos à nível nacional. Em coligação com o Comando Vermelho – CV e PCC iremos revolucionar o país dentro das prisões e nosso braço armado será o Terror "dos Poderosos" opressores e tiranos que usam o Anexo de Taubaté e o Bangú I do Rio de Janeiro como instrumento de vingança da sociedade na fabricação de monstros.

Conhecemos nossa força e a força de nossos inimigos Poderosos, mas estamos preparados, unidos e um povo unido jamais será vencido.

LIBERDADE! JUSTIÇA! E PAZ!

O Quartel General do PCC, Primeiro Comando da Capital, em coligação com Comando Vermelho CV

UNIDOS VENCEREMOS


Terceiro Comando

O Terceiro Comando é uma extinta facção criminosa, surgida de uma dissidência do CV, no começo da década de 90. Passou a dominar pontos de venda a partir das zonas Oeste e Norte, áreas mais periféricas da cidade do Rio de Janeiro. A aliança forjada com a ADA (Amigos dos Amigos), em 2002, fortaleceu e ampliou a organização. Entretanto, devido a uma nova dissidência, surgiu o TCP (Terceiro Comando Puro) e o que havia sido conhecido como TC não existia mais.O TCP junto com o ADA são gangues rivais do Comando Vermelho e do PCC, que disputam a liderança do trafico.

Terceiro Comando Puro


Dissidência surgida, no ano de 2003, a partir da união entre TC (Terceiro Comando) e a ADA (Amigos dos Amigos). Domina pontos de venda nas zonas Oeste e Norte e tem pouca expressão no centro e na Zona Sul da cidade.

Principais líderes: Robinho Pinga, Facão

Principais redutos: Acari, Dendê,Casa branca,Parada de lucas


Amigos dos Amigos

Amigos dos Amigos é um grupo surgido de uma divisão do CV (Comando Vermelho) e do TC (Terceiro Comando). Assim como o TC em seu início, passou a dominar os pontos de venda de drogas a partir das zonas Oeste e Norte. Ganhou cobertura midiática a partir da união com o TC (2002). Atualmente, atua sem se aliar a nenhum outro grupo.

Principais líderes: Celsinho da Vintém, Sassá, Aritana.

Principais redutos: Rocinha, Vila dos Pinheiros, Morro dos Macacos, São Carlos


Extraído de Wikipédia e reportagens de jornais.
FONTE: http://contrun.noblogs.org/post/2008/04/14/principais-fac-es-criminosas-do-brasil/

EMPRESA DO TRÁFICO

DIÁRIO GAÚCHO 30/05/2013 | 08h19


Com matadores de aluguel, facção dos Bala na Cara vira "firma do tráfico" na Região Metropolitana. Em posição de comando nos principais presídios do Estado, líderes colocam em prática o seu método empresarial de mandar no tráfico

Eduardo Torres


Diante dos policiais, o guri de 14 anos, pequeno e magrinho, falava de assassinatos com naturalidade. Contabiliza na sua lista ao menos três vítimas desde que entrou para a criminalidade, aos oito anos. Mas, para a polícia, foram mais.

Desde o começo do mês, estava com um grupo de bandidos em um apartamento no Bairro Mathias Velho, em Canoas, com a missão exclusiva de matar. Nem conhece direito aquela região. Pudera, veio da Vila Safira, no Bairro Mario Quintana, Zona Norte da Capital, a mando dos Bala na Cara.

- Onde me mandam, eu vou lá e mato - resumiu.

Facção quer crescer

Antes de ser levado para a Fase, o matador foi enfático: estava ali sob ordens do tráfico, e depois voltaria à sua base, esperando outra missão.

Personagens como ele seriam a ponta do projeto de crescimento dos Bala na Cara, alçados, desde 2011, à importância de facção nos presídios gaúchos. A quadrilha está presente em praticamente todas as guerras do tráfico na Região Metropolitana.

"São os agiotas do crime"

A investigação da Delegacia de Homicídios de Canoas é encarada como o fio condutor para entender como agem os Bala na Cara.

- Eles se tornaram agiotas do crime. O envio de matadores para "limpar a área" é parte desse pacote de serviços. Sabemos que a ordem parte da cadeia e vamos atrás dos líderes - garante o delegado Marco Guns.

Socorro a patrões em declínio

Com seus principais articuladores em posições de liderança nas galerias da Pasc, Pej e Presídio Central, os Bala na Cara teriam se tornado o socorro de patrões da droga decadentes. São traficantes endividados, tentando reerguer seus antigos domínios.

- Os Bala na Cara compram as dívidas desse criminoso, mas ele fica condicionado a comprar drogas exclusivo deles e dar parte dos lucros para a facção. Em troca, recebe armas e, quando precisa se livrar de devedores, desafetos ou há guerras pelas bocas, os matadores chegam na vila a mando dos Bala - diz um policial de Canoas.

Prisão em Canoas revela o método dos Bala na Cara

A polícia de Canoas teve a primeira pista do plano de retomada do tráfico no Bairro Mathias Velho, em Canoas, com o suporte dos Bala, em dezembro do ano passado. Naquela época, a Brigada Militar prendeu, por porte ilegal de armas, dois homens de Porto Alegre que circulavam de carro pelo bairro. O detalhe estava no histórico dos dois: um, apontado como gerente do tráfico no Bairro Bom Jesus, o outro, como matador no Bairro Mario Quintana.

Este ano, no começo de maio, a investigação deslanchou. Os matadores dos Bala erraram o alvo. A ordem era executar um pequeno traficante que teria traído o "contratante" dos Bala, comprando drogas de outro fornecedor. Porém, mataram um comparsa dele. Dênis Antônio da Silva Prado, 18 anos, foi morto com um tiro na cabeça no dia 6 de maio.

- Essa "falha" forçou eles a mudarem o método. Antes, sabíamos que o pessoal vinha até a Mathias, cumpria a ordem e voltava. Agora, estavam até procurando casas para alugar. Provavelmente se estabeleceriam aqui, depois de cumprirem a ordem de execução - diz um policial.

Matadores ficaram na cidade

Sábado passado, o grupo, que permaneceu na cidade, tentou matar o traficante. Na segunda, a Operação Contundência apreendeu quatro adolescentes entre 14 e 17 anos, um jovem de 18 anos e um casal de 30 anos em um apartamento na Rua Santo Ângelo. Com eles, foram apreendidos dois revólveres calibre 38, um calibre 32, além de uma pistola .40.

Os três adolescentes - um deles, o guri de 14 anos - e o jovem vinham do Bairro Mario Quintana, na Capital.

"Os invisíveis"

O trunfo das parcerias da facção está na "invisibilidade". As informações sobre homicídios até chegam à polícia, todos sabem quem supostamente mandou cometer os crimes. Sabem também que os Bala na Cara estão no meio. Mas testemunhas são incapazes de reconhecer quem comete os crimes.

- Nossa grande dificuldade é sempre identificar quem atirou, porque são pessoas desconhecidas na vila - aponta Marco Guns.

No crime, desde os oito anos

O guri de 14 anos apreendido em Canoas, é um dos dez filhos de uma família pobre da Vila Safira, no Bairro Mario Quintana, Zona Norte da Capital. Chegou a ajudar o pai no trabalho de flanelinha, mas o viu morrer antes de completar 30 anos, corroído por crack e cachaça. Aos oito anos, como ele mesmo descreve, "colou com uma gurizada do crime". Aos 14, já adquiriu prestígio de matador entre os Bala na Cara. É a ele que os gerentes recorrem no momento de cumprir as ordens do comando.

- Eu gosto é de ver o sangue ainda quentinho, escorrendo dos caras, sabe. Tenho sangue nos olhos - gabava-se o guri no depoimento prestado à Delegacia de Homicídios, de Canoas, na segunda-feira.

Ele saiu do verdadeiro criatório de soldados da facção, com o perfil procurado e protegido pelos líderes.

- Eu nem conheço trabalhador, também não mexo com família. Só mato vagabundo. Eles me dão o que tem que dar por isso, eu mato, e pronto. Não sou mais soldadinho - disse, garantindo que já matou outros antes do crime do dia 6 de maio, no Mathias Velho. Em todas as vezes anteriores, revelou, "alguém abraçou a bronca".

Adolescentes matam para ganhar prestígio

A suspeita da polícia é de que os soldados desse exército do tráfico saem do Bom Jesus, Mario Quintana, Vila Esqueleto, Vila Mapa e Vila dos Sargentos - locais de Porto Alegre onde os Bala já conseguiram construir bases mais sólidas. São os principais comandados para missões nas áreas aliadas. Matam, segundo os investigadores de Canoas, pelo prestígio dentro da organização.

- Imagine o caso desse menino, sem nenhuma perspectiva, que ganhou uma pistola. O pagamento para ele é esse status entre os criminosos - resume o delegado Marco Antônio Guns.