segunda-feira, 21 de maio de 2012

CRIME ORGANIZADO CORROMPEU O VATICANO

REVISTA ISTO É N° Edição:  2219, 21.Mai.12 - 17:56

Como o crime organizado corrompeu o Vaticano

Mafioso sepultado ao lado do corpo de papas lavava dinheiro com auxiliares de João Paulo II e é acusado de sequestrar e matar a mando de um cardeal

Flávio Costa

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INVESTIGAÇÃO
Corpo do criminoso Enrico De Pedis, chefe de uma das quadrilhas mais
poderosas de Roma, é retirado da Basílica de Santo Apolinário

O desaparecimento da adolescente Emanuela Orlandi, ocorrido há quase três décadas, está obrigando a Itália a desenterrar a incômoda relação entre o crime organizado e a Santa Sé. O caso lança luz sobre a história da Banda della Magliana, quadrilha que comandou, durante duas décadas (1970-1990), o crime organizado de Roma por meio de uma intrincada rede que envolvia tráfico de drogas, prostituição, sequestros, homicídios e atentados políticos. O lucro das atividades ilegais era lavado em bancos ligados à Santa Madre Igreja. O desenrolar desse novelo promíscuo começou, na semana passada, com a exumação do corpo de Enrico ‘Renatino’ De Pedis, ex-capo da Magliana, enterrado “com honras de benfeitor dos pobres” na Basílica de Santo Apolinário, ao lado de papas e cardeais. A retirada do cadáver da sacrossanta sepultura vem no bojo da investigação da polícia e do Ministério Público da Itália sobre o paradeiro de Emanuela. Filha de um alto funcionário do Vaticano, a garota teria sido sequestrada pelo gângster, a mando do controverso cardeal americano Paul Marcinkus (1922-2006), conhecido em vida como o “banqueiro de Deus”, e assessor direto do papa João Paulo II.

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Em 22 de junho de 1983, Emanuela, então com 15 anos, desapareceu após sair de uma aula de música, na praça Navona, a poucos metros da igreja que abrigaria anos depois os restos mortais de Enrico De Pedis – assassinado a tiros em 1990, em uma emboscada. O terceiro protagonista dessa história, o arcebispo Marcinkus, foi o pivô do maior escândalo financeiro do Vaticano: a quebra do banco Ambrosiano, então maior entidade privada do país, no início dos anos 1980. À época, o religioso presidia o Instituto para as Obras da Religião (IOR), o chamado Banco do Vaticano, que possuía 16% do capital do Ambrosiano. A Justiça italiana descobriu um complexo esquema de corrupção, que incluía pagamentos ilegais e desvio dos fundos para enriquecimento particular. Há provas, ainda, de que a Magliana injetava dinheiro no banco controlado pela Igreja Católica. Marcinkus foi afastado de Roma e morreu no ostracismo em Phoenix (EUA).

A trama que liga os destinos da adolescente, do mafioso e do cardeal começou a ser desvendada somente em julho de 2005, por meio de um telefonema anônimo ao programa de TV RAI-3 “Chi l’ha visto?” (Quem a viu?): “Se quer saber mais sobre Emanuela, olhe no túmulo de De Pedis...”, dizia a voz masculina, nunca identificada. Para espanto geral, a polícia descobriu que o criminoso estava enterrado na Basílica de Santo Apolinário. Um documento oficial do Vaticano afirmava que o criminoso, responsável por diversos assassinatos, realizou “contribuições particulares para jovens, interessado, sobretudo, em sua formação cristã e humana”. Descobriu-se também que ele pagou pela sepultura um milhão de liras (450 mil euros) ao cardeal Ugo Poletti, então vigário-geral de Roma.


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PERDA
Pietro Orlandi espera há 29 anos pelo esclarecimento do sumiço da irmã Emanuela:

“Ela sofreu uma injustiça que não lhe permitiu viver a vida”

Os investigadores italianos chegaram à figura da prostituta Sabrina Minardi. Ex-amante de Enrico De Pedis, Sabrina afirmou, em juízo, que Emanuela Orlandi foi assassinada por ele e seu corpo foi envolto em um saco e jogado em uma betoneira em Torvaianica, uma província de Roma. Sabrina declarou, ainda, que o sequestro da adolescente foi executado por ordem do arcebispo Paul Marcinkus “como se quisessem dar uma mensagem para alguém acima deles”. O pai da garota, Ercole Orlandi, teve acesso a papéis comprometedores sobre a relação entre o crime organizado e a Igreja. Por sua vez, o criminoso queria reaver o dinheiro investido por sua gangue nos bancos papais. “São acusações infames, sem provas, sobre o monsenhor Marcinkus, morto há vários anos e impossibilitado de se defender”, afirmou o Vaticano, após a divulgação do depoimento de Sabrina.

Começou-se então a se especular que os restos mortais da adolescente estavam escondidos junto à cripta do criminoso. Só agora, porém, anos depois do depoimento de Sabrina, o Ministério Público italiano conseguiu a autorização para abrir a sepultura. A identificação foi confirmada, por meio da verificação das impressões digitais, graças ao alto nível de preservação do cadáver, guardado em três caixões de zinco, cobre e madeira, e envolto em um sarcófago de mármore. Outras dezenas de caixas com ossos encontrados nas proximidades do caixão serão periciadas. Por enquanto, nada foi encontrado que possa esclarecer o que aconteceu a Emanuela. Após os exames finais, o corpo de De Pedis será enterrado em um cemitério comum de Roma. A família de Emanuela espera, um dia, ter a mesma oportunidade.

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domingo, 6 de maio de 2012

CONSPIRANDO PARA TIRAR MINISTRO

Para tirar o ministro. Como a turma de Carlinhos Cachoeira queria usar uma suspeita de corrupção no Amazonas para varrer Alfredo Nascimento do Ministério dos Transportes. MURILO RAMOS - REVISTA ÉPOCA, 05/05/2012 09h33

Políticos acusados de corrupção costumam atribuir as suspeitas a invenções de adversários. Apresentam-se como inabaláveis e acima do que chamam de “ilações fantasiosas” de quem tenta prejudicá-los. Quem quiser ganhar com a fragilidade de um homem público, especialmente em benefício próprio, precisa ter certeza de que ela existe. Esse raciocínio leva organizações criminosas a se empenhar em descobrir casos concretos para passar rasteiras no submundo da política. As investigações da Polícia Federal (PF) sobre a atuação da organização do bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, mostram que a equipe investigava a carreira de desafetos até identificar um ponto fraco. Com ele nas mãos, chegava o momento de buscar seu objetivo. Foi o que tentaram fazer com o então ministro dos Transportes, o senador Alfredo Nascimento (PR). De acordo com os áudios captados pela PF, Cachoeira e seu sócio, o então diretor da Delta Construções, Cláudio Abreu, planejaram usar uma suspeita de corrupção para derrubá-lo do cargo.

Numa gravação do dia 5 de julho do ano passado, Cachoeira sugeriu a Abreu procurar o superintendente do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) em Goiás, Alfredo Soubihe Neto, para obter histó-rias desabonadoras a respeito de Nascimento. Soubihe Neto é apadrinhado do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), a quem Cachoeira queria pedir informações sobre irregularidades na gestão de Nascimento. “Senta com o Alfredo (Soubihe). Fala com ele que precisa tirar o ministro”, diz Cachoeira. “O Sandro é quem sabe. O Sandro pode falar... que tem donativo, entendeu?” Em outra ligação no mesmo dia, Abreu diz a Cachoeira que a queda de Nascimento favoreceria o próprio Sandro Mabel. “O bom seria se valorizasse até pro Sandro ser o ministro. Aí era ótimo”, afirma Cachoeira. Há duas semanas, ÉPOCA revelou que Cachoeira e Abreu tramaram, em maio do ano passado, contra o então diretor-geral do Dnit, Luiz Antonio Pagot. Depois, eles comemoram a decisão do governo de afastar Pagot, acusado de corrupção.

Pagot e Nascimento acumulavam acusações de irregularidades nos Transportes. Cientes de que Nascimento era visto com desconfiança, Cachoeira e Abreu pretendiam estimular Mabel a delatá-lo. A dupla aproveitava também as disputas internas no PR. Mabel tivera desentendimentos com o presidente de honra do PR, o deputado federal Valdemar Costa Neto (SP). Mabel insistira em se candidatar à presidência da Câmara – contra a vontade de Valdemar, comprometido com o PT. Nascimento era ministro graças à sustentação política de Valdemar. No começo de 2011, Cachoeira enxergou que era hora de “Sandro dar o troco nesse povo”.

Cachoeira e Abreu defendiam os interesses da empreiteira Delta Construções. Apesar dos riscos para os negócios, Cachoeira e Abreu se empenharam em afastar Nascimento. Para Cachoeira, o melhor caminho era Mabel contar o que sabia sobre ligações de Nascimento com o Estaleiro Rio Amazonas (Eram). “O estaleiro chama Eram. Manda o Xavier descobrir qual é o rolo que tem por trás. Era construção de balsas, em Manaus. Não construiu nenhuma e levou o dinheiro”, afirma Cachoeira a Abreu. O Xavier citado na gravação é Clodoaldo Xavier, lobista da Delta e frequentador do Dnit.

O Eram é um foco de problemas, sobretudo para Nascimento. Em 2010, a então ministra Dilma Rousseff esteve com Nascimento na inauguração do Porto de Humaitá, no Amazonas. A obra, executada pelo Eram, custou R$ 12,8 milhões. Mais de um ano depois, o porto afundou parcialmente, antes de entrar em funcionamento. Até 2006, o Eram fazia pequenos reparos em embarcações no Amazonas. Tornou-se um fenômeno da construção de portos fluviais. A maior parte dos contratos do Eram é com a Companhia Docas do Maranhão (Codomar), ligada ao Ministério dos Transportes e responsável por investimentos milionários em hidrovias. Essa particularidade – uma companhia com sede no Maranhão para administrar todos os portos fluviais do país – é fruto de um acerto de Nascimento e Valdemar com o grupo do PMDB ligado ao senador José Sarney (AP). Na gestão do PR no Ministério dos Transportes, o Eram ganhou 12 contratos com a Codomar. Os compromissos somam quase R$ 100 milhões. O Eram foi favorecido com convênios firmados entre o Dnit e prefeituras do Amazonas. Os sucessivos atrasos na entrega de portos e balsas obrigaram o Eram a assinar aditivos com a Codomar para adiar os serviços. Um dos contratos está na 13ª alteração. Alguns desses aditivos foram assinados pela Codomar mesmo após o Dnit ter alertado, em abril de 2011, para a situação irregular do Eram. Pouco antes, o Estado do Amazonas declarara o Eram “inidôneo”. Em 2010, mesmo com os atrasos já caracterizados, o Eram conseguiu dois novos contratos com a Codomar – são mais R$ 16 milhões. O Ministério Público Federal no Amazonas abriu três investigações sobre o Eram em contratos de construção de portos. A empresa não se manifestou.

Em 6 de julho, um dia após Cachoeira e Abreu falarem sobre a obtenção de informações sobre Nascimento, o ministro deixou o cargo. No dia 7, a dupla comenta que o senador Demóstenes Torres espalhava a informação de que o deputado federal Sandro Mabel fora o responsável por passar à imprensa informações que resultaram na queda. A aposta de Cachoeira em Mabel fazia sentido. “O Sandro sempre ia ao Dnit pressionar para que obras de rodovias em Goiás saíssem logo. Entre elas a BR-060”, disse a ÉPOCA o ex-diretor-geral do Dnit Luiz Antonio Pagot. Procurado por ÉPOCA, o deputado Sandro Mabel não quis se pronunciar sobre o caso.

Nascimento diz não saber os motivos que levaram Cachoeira e Abreu a tentar desestabilizá-lo. Ele afirma não ter relação pessoal ou comercial com o Eram e que solicitou à Codomar que encontrasse solução para os atrasos das obras. “Vários projetos apresentaram problemas na execução, muitos dos quais não foram entregues até hoje”, diz Nascimento. O atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, disse ter se reunido com representantes do Eram para cobrar “eficiência e agilidade nos trabalhos”.

terça-feira, 1 de maio de 2012

ARTICULANDO A COMPRA DE UM PARTIDO

Cachoeira articulou compra de partido. Por intermédio de araponga, contraventor ofereceu R$ 200 mil pelo PRTB de Goiás. 30 de abril de 2012 | 22h 40. Alana Rizzo e Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Definido pela mulher como "preso político", o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preparava uma ofensiva política em Goiás. Conversas interceptadas pela Polícia Federal durante a Operação Monte Carlo mostram Cachoeira negociando a compra de um partido.

Os áudios da PF indicam que seria a seção goiana do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), cujo presidente nacional Levy Fidelix é citado em diversas escutas.

As conversas sobre a compra do partido começam em maio de 2011, quando Cachoeira questiona um aliado sobre a direção da legenda em Goiás. A ideia era tirar do cargo Santana Pires, presidente regional da sigla. Dois dias depois, o contraventor pede a Wladimir Garcêz que envie uma mensagem para alguém, cujo codinome entre o grupo é "nosso maior", questionando se valia a pena "pegar" o PRTB.

A PF identificou que o sargento aposentado da Aeronáutica, Idalberto Matias Araújo, o Dadá, também fazia parte da negociação. Em um grampo, Dadá diz a Cachoeira que falou com o advogado (possivelmente do partido) e que ele teria pedido R$ 300 mil. "Já aumentou aquele valor que falei para você. Falou que era R$ 200 mil, passou para R$ 300 mil", diz Dadá. "Tá roubando. Que garantia que tem?", pergunta Cachoeira. "Disse que faz na hora. O presidente vem e faz tudo e vai para o TRE. Resolve tudo", explica o araponga.

Cachoeira então quer saber quanto custa a manutenção anual do partido e Dadá diz que ele não falou sobre o assunto. "Falou que fica com o Estado todo na mão e nomeia os municípios." Cachoeira anima-se e diz que é para fechar o negócio por R$ 150 mil: "Até R$ 200 mil dá para fazer. Fecha logo, mas tem que ter garantia".

Segundo a PF, em agosto o grupo continuava discutindo o assunto. No início do mês, Dadá liga para Cachoeira perguntando se ele ainda estava interessado "naquele negócio do partido?" Ele confirma e pergunta qual era a legenda. Dadá responde que é o mesmo partido do Levy, o PRTB.

No dia 11, Cachoeira liga para Dadá e questiona: "E o negócio do partido lá, o que deu?". O araponga responde: "Uai, tá naquele lenga, lenga, o cara quer, tá lá em São Paulo, hoje mesmo ligou, querendo os nomes, mas eu sugeri aquilo que você me falou, ‘ó meu irmão, é, vamos visitar lá o 01 do Estado’, aí ele falou ‘não’, que ele ficou de ver com o cara o seguinte: se a gente mandasse um emissário nosso com os nome e se lá o cara quiser trazer a nominata, beleza, entendeu?. Agora entregar os nomes e pegar a nominata no outro dia, eu falei que não tava certo. Aí ele ficou de ver lá com o Levy Fidelix, pra ver se fazia assim, pra mim te falar e mandar mensageiro lá, mandar o negão lá com esses nomes".

Cachoeira mostra-se satisfeito com a resposta e pede que Dadá verifique o andamento das negociações. Três dias depois, Dadá informa que levaria os nomes para o pessoal do partido. Cachoeira insiste para que o araponga marque uma conversa com Fidelix para "desenrolar" o assunto. As investigações não revelam se a negociação prosperou.

O Estado tentou falar com o Levy Fidelix, ontem. Porém, ele não foi localizado.

QUADRILHA ARMAVA O CRIME ORGANIZADO

PARCERIA DESFEITA. Denunciada quadrilha que armava crime organizado. Entre as 20 pessoas investigadas pelo Ministério Público estão um policial militar e um da Civil - CARLOS ETCHICHURY, ZERO HORA 01/05/2012

O Ministério Público denunciou 20 pessoas, entre elas dois policiais, por formação de quadrilha e comércio ilegal de armas na Região Metropolitana. Composta por apenados, comerciantes, um investigador da Polícia Civil e um PM, a quadrilha agia como uma agência especializada em revender pistolas, revólveres, espingardas e munição de diferentes calibres para o crime organizado.

Promotores constataram que armas eram roubadas de empresas de segurança, furtadas de fábricas e desviadas de delegacias da Polícia Civil e de apreensões da Brigada Militar. Parte do armamento também era adquirida em países como Paraguai, Argentina e Uruguai.

A quadrilha funcionava como uma terceirizada do crime: fornecia chips e celulares para presidiários, falsificava documentos e placas de veículos e, principalmente, negociava armas ilegais e munições. Entre os líderes do grupo há detentos que cumprem pena no Presídio Central, na Penitenciária Estadual do Jacuí e até na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas.

– As investigações revelaram que o policial civil repassava à quadrilha armas apreendidas pela equipe da DP. Também fazia isso com armas que eram recolhidas e não eram registradas – explica o promotor André Luís Dal Molin Flores, que assina a denúncia formalizada à Justiça.

O descontrole de armas em DPs foi abordado em ZH nove dias atrás. Um relatório do Controle Externo da Atividade Policial, feito pelo Ministério Público e obtido com exclusividade pelo jornal, revela que, em 2010, havia 870 armas nas delegacias de Porto Alegre.

Pelo menos duas centenas delas eram mantidas “no interior de um baú de madeira trancado com um cadeado”. Os promotores identificaram 102 “sem vínculo a inquéritos ou ocorrências policiais” (não era possível saber por que estavam lá) e 106 que “não tinham destino conhecido” (podem ter desaparecido, portanto).

Soldado e inspetor chegaram a ser presos

Denunciados por Dal Molin, o soldado Cledson Roberto Peixoto da Silva, lotado no 26º BPM de Cachoeirinha, e o inspetor Jorge Luís Machado Ferreira, da 3ª DP de Viamão, tinham sido presos em março pelas respectivas corregedorias. Com Ferreira foram encontrados quatro revólveres e uma espingarda sem procedência.

Segundo o MP, Cledson fazia uso da função de policial para comprar legalmente armas e munições, revendidas à quadrilha. Além dos dois servidores, foram denunciadas 10 pessoas envolvidas diretamente na organização do bando, cinco presidiários que foram flagrados contratando os serviços ilegais do bando e três outras pessoas encarregadas de fazer o meio de campo entre a quadrilha e os detentos.


ENTENDA O ESQUEMA

1) Como as armas chegavam a Gravataí - O grupo atacava empresas de vigilância, trazia armamentos do Paraguai e tinha ramificação em delegacias e batalhões policiais e em indústria de armas.

2) Desvio da polícia - Um PM lotado no 26º Batalhão de Polícia Militar de Cachoeirinha e um agente da 2ª Delegacia da Polícia Civil de Gravataí repassavam “armas de fogo, acessórios e munições ilícitas, usando de suas atividades para desviarem armamento, bem como utilizando da condição funcional para comprar munições...”.

3) Fábricas de armas - Foram identificadas armas da quadrilha sem o número de série, o que sugere envolvimento de criminosos dentro de fábrica de armas.

4) Empresas de segurança - O grupo era especializado em assaltos e arrombamentos de empresas de vigilância e segurança.

5) Contrabando - A investigação apurou que armas também vinham do Uruguai, da Argentina e do Paraguai.

6) O depósito - A quadrilha utilizava-se de comércios em Gravataí e Cachoeirinha para armazenar as armas – duas lancherias e uma tele-entrega.

7) Quem eram os clientes - As armas eram negociadas e revendidas para traficantes, assaltantes e homicidas, muitos deles presos em locais como o Presídio Central, a Penitenciária Estadual do Jacuí e a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).

8) Onde eram usadas - De acordo com a denúncia, criminosos utilizavam as armas para “realização de roubos, guarnecer pontos de tráfico, em confrontos com facções rivais, bem como para praticar outros delitos”.

9) As apreensões - Em pelo menos nove operações foram apreendidas centenas de munições além das seguintes armas: três espingardas, cinco pistolas e 10 revólveres.

Contrapontos -

O que diz Jorge Luís Machado Ferreira - ZH ligou para a 2ª DP de Gravataí, onde Jorge Luís Machado Ferreira estava lotado. Lá, informaram que ele foi transferido para a 3ª DP de Viamão. Ontem ele não estava trabalhando e seus colegas não souberam informar o telefone celular do policial.

O que diz Cledson Roberto Peixoto da Silva, lotado do 26º BPM de Cachoeirinha - “Não estou sabendo da denúncia do Ministério Público e prefiro não me manifestar”.